O cancelamento de todas as competições de futebol não profissional, levando ao encerramento da época de forma prematura, foi aproveitado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para reestruturar o terceiro escalão do futebol sénior masculino nacional tendo por base cinco pontos fundamentais. Aumentar a competitividade; Melhorar a qualidade de jogo; Aproximar os adeptos do futebol local e Criar espaços de desenvolvimento para o jovem jogador português na transição dos sub-19 para os seniores e garantir um formato adequado ao que se prevê venha a ser a próxima época, no quadro da pandemia COVID-19, são os principais objetivos do projeto aprovado pela FPF.
As mudanças, que se prolongarão ao longo das próximas quatro épocas, trazem algumas alterações ao Campeonato de Portugal e a introdução de uma nova competição em 2021/2022 que servirá de acesso à Liga Pro e que, por enquanto, assume a designação de 3.ª Liga. Na próxima temporada o Campeonato de Portugal será composto por 96 equipas, sendo que as duas provenientes da Liga Pro, 20 que ascendem das competições distritais e quatro novas equipas B juntam-se às 70 que permanecem nesta prova. Nas três épocas seguintes (2021/2022, 2022/2023, 2023/2024) o número de clubes participantes irá reduzir até chegar aos 76 nas duas provas.
Em 2021/2022 o futebol não profissional arranca com 84 equipas (24 na 3.ª Liga e 60 no Campeonato de Portugal), número que diminui para 80 na temporada seguinte (2022/2023), com uma redução de quatro no Campeonato de Portugal. Já em 2023/2024 a 3.ª Liga passa para 20 clubes, sendo que o Campeonato de Portugal mantém os 56.
Na próxima temporada o vencedor de cada série da primeira fase do Campeonato de Portugal apura-se para acesso à 2.ª Liga, enquanto os classificados entre o segundo e quinto lugares irão disputar a subida à terceira liga. As últimas quatro equipas das oito séries (A, B, C, D, E, F, G e H) descem aos distritais. Na segunda fase da competição o acesso à 2.ª Liga realiza-se em duas séries com os respetivos vencedores a subirem de escalão. Já para a 3.ª liga, disputada entre 32 equipas distribuídas por oito séries, são os dois primeiros classificados de cada uma delas que carimbam a passagem.
Para Carlos Rui, presidente da AD Sanjoanense – Futebol SAD, o novo formato “promove a competitividade e aproxima as pessoas dos clubes”, uma vez que considera que “passam a haver mais dérbis regionais e jogos entre equipas vizinhas”, algo que para o responsável “melhora a mística e a rivalidade saudável”. “É algo que achamos que deve existir, porque traz mais adeptos aos estádios e, por consequência, mais receitas”, explica Carlos Rui, que considera que as medidas apresentadas pela FPF “aproximam-se bastante do ideal da competição”. “O Ideal seriam duas zonas, uma a norte e outra a sul, já que apenas uma seria extremamente pesado para os clubes em termos de deslocações, bem como pelo facto de passarem de 72 equipas a, pelo menos, 36, ou, eventualmente, a 32 e não a 24. No nosso entender seria um corte demasiado grande no número de equipas, refere.
Com a reformulação da competição o objetivo da Sanjoanense passa a ser “claramente apostar na subida à 3.ª Liga”. “Achamos que esta subida é mais uma manutenção do que propriamente uma subida, pois ficaremos na mesma divisão em que estamos neste momento, o terceiro escalão do futebol português”, sublinha Carlos Rui.
Entre as alterações apresentadas pela FPF constam também algumas medidas de apoio aos clubes, com a entidade que tutela o futebol nacional a revelar que a taxa de “jogo sofrerá uma redução significativa e haverá ajustes no valor de inscrição de jogadores”, decisão que o presidente da AD Sanjoanense – Futebol SAD vê com bons olhos. “Todas as reduções de custos causam impactos positivos na estrutura financeira de todos os clubes. A Sanjoanense não foge à regra, pois esse valor será canalizado para outros recursos que o clube possa precisar. Neste campeonato sem receitas isso ajudará muito a saúde financeira dos clubes, que está muito debilitada”, explica Carlos Rui, frisando, no entanto, que a “FPF deveria implementar novas medidas, nomeadamente relativas às receitas”, dando como exemplo “apostas desportivas com mais dimensão ao nível das verbas, direitos de transmissão televisiva e naming do campeonato.