Nuno Silva tem 34 anos e é bombeiro de 2ª categoria na corporação de S. João da Madeira.
Enquanto bombeiro profissional tem como funções o transporte de doentes não urgentes, o socorro pré-hospitalar, os incêndios, o salvamento e desencarceramento, entre outras, e para as quais a corporação recebe formação permanente e adequada às necessidades da população e de cada bombeiro.
O aparecimento do novo coronavírus criou “uma necessidade urgente de alteração dos nossos hábitos do dia a dia” como “alterar o horário de trabalho, (neste momento faço turno de 24 horas), medir a temperatura corporal quando entro e saio do quartel, usar diariamente equipamento de proteção individual, lavar e higienizar devidamente a farda de trabalho na corporação” com o objetivo de “minimizar o impacto desta pandemia nas nossas vidas”, deu a conhecer Nuno Silva ao labor.
Apesar de “alguns serviços que fazemos terem sido cancelados, continuamos na linha da frente, tanto no socorro pré-hospitalar como nos incêndios, nos salvamentos e desencarceramentos”, contou o bombeiro profissional, explicando que a grande diferença reside no facto de terem de se “adaptar e reajustar” na generalidade das tarefas que executam diariamente, o que não representa um entrave ao desempenho dos bombeiros que têm “uma grande qualidade de adaptação e reajustamento às situações por mais diferentes da norma que possam ser ou até parecer ser”.
Nuno Silva vive em S. João da Madeira e considera que “o sistema municipal de proteção civil é ativo, muito atento e muito humano”, relembrando que “numa fase inicial tentaram conter de imediato a propagação do vírus fechando espaços públicos e de seguida, em conjunto, o Município, os bombeiros e a Polícia de Segurança Pública, iniciaram uma batalha de sensibilização, acompanhamento e divulgação do vírus como um problema que afetou a vida da população”. Desde que fomos afetados pela pandemia e até ao momento, o bombeiro profissional considera que estas ações tiveram “sucesso e isso vê-se e acompanha-se nos relatórios diários da situação da Covid-19 no nosso concelho”. Para já, “ainda não vencemos esta batalha, mas ela também não nos vencerá”, afirmou, confiante, Nuno Silva ao nosso jornal.
“É muito complicado lidar emocionalmente com toda esta situação, mas tenho uma esposa que me apoia e ajuda muito”
As novas regras de higiene e segurança também são adotadas sempre que chega a casa. Neste momento, “restrinjo as saídas ao mínimo e essencial para minha proteção e da minha família, não faço as habituais visitas a familiares, reforçámos os hábitos de higiene e implementámos algumas mudanças como deixar o calçado na entrada, onde criámos uma zona suja e limpa, lavar e desinfetar as mãos com maior frequência, criámos dois pontos de desinfeção, um na entrada e outro na casa de banho, colocar toda a roupa usada na rua para lavar, em separado, mal entramos em casa”.
O processo de adaptação a esta nova realidade é uma necessidade que deve ser cumprida pelo e para o bem de todos nós, mas nem por isso deixa de ser difícil. Nuno Silva sente sempre isso quando chega a casa e a filha de cinco anos quer abraçar, beijar e brincar com o pai, com quem costumava fazer isso e muito mais antes da pandemia. E vontade não falta só que o seu trabalho de risco obriga a que tenha de tomar cuidados acrescidos aos ditos normais e que o impedem de coisas tão simples como o contacto sem limitações com aqueles que ama. “É muito complicado, para mim, lidar emocionalmente com toda esta situação, mas, felizmente, tenho uma esposa que me apoia e ajuda muito nestas situações”, por isso, “tenho de lhe agradecer por todo o esforço que está a fazer enquanto esposa e mãe”, salientou o bombeiro. Já a nível profissional, esta “é uma batalha diária que vamos ultrapassar”, concluiu, com convicção, Nuno Silva ao labor.