Dias de sobrevivência contam-se em passos restritos.
À volta da reclusão imposta p´la pandemia
Disfarça-se a liberdade, agora todos proscritos
Falamos para nós próprios, enganando o dia a dia
À volta de horta ou piscina, em torno vamos rodando,
Em contagem cerebral numa mente revoltada,
Contra o descontentamento, só em mais nada pensando
Até chegar o regresso do normal da vida airada…
A reclusão não é somente para o crime ou a reflexão;
Desta vez, porém, há crime; intencional? Ou não o será?
E foi-o da Humanidade…por nos ter dado ou não
Os meios de prevenção, andava-se ao Deus dará!
O homem sempre se gabou de que tudo conhecia,
Previa até o futuro em jornadas p´lo Universo
E descuidou-se do outro que pela Terra andaria
Sempre na sua peugada, mas que andava disperso
Disperso em aventuras que o talhassem de rei;
Mais senhor dos universos, destinos fantasiados,
De poder, mando e dinheiro, esquecendo sua grei
Onde o outro, de carências, ao ostracismo era votado.
Tempo agora de reflexão, nesta reclusão imposta,
P´ra exames de consciência que se julga ainda existir
Oxalá que finalmente se encontre certa resposta
E o mundo então terá novo futuro a sorrir…

Flores Santos Leite