Dos 308 concelhos de Portugal, S. João da Madeira é o quarto entre os que mais acolhem refugiados.

A informação é avançada pela secretaria de Estado para a Integração e as Migrações a propósito do Dia Mundial do Refugiado comemorado no próprio dia, 20 de junho, com o encontro “Comunidades Inclusivas: Todas as Ações Contam”, organizado pelo Alto Comissariado para as Migrações, em parceria com o Centro Humanitário da Cruz Vermelha de S. João da Madeira, na Torre da Oliva.

Atualmente, a cidade acolhe 34 refugiados, 11 acompanhados pelo Município e 23 pelo Centro Humanitário.

“O acolhimento de pessoas nessa condição é um dever humanitário de qualquer pessoa e de qualquer comunidade. Portanto, estamos a cumprir o nosso dever”, afirmou o presidente da câmara, Jorge Sequeira, considerando que “as condições de integração têm sido excelentes em S. João da Madeira” e “isso é mérito de toda a nossa comunidade, das escolas, das empresas, das pessoas, do apoio que temos tido do Governo e do Alto Comissariado para os Refugiados”.

“S. João da Madeira tem sido pioneiro no acolhimento e na integração de pessoas refugiadas e, a par com outros municípios, tem permitido que o Governo de Portugal possa concretizar a solidariedade que tem demonstrado com os refugiados”, destacou Cláudia Pereira, secretária de Estado para a Integração e as Migrações, justificando assim a escolha para aqui ter comemorado o Dia Mundial do Refugiado.

“Desde 2015 o Município recebeu logo refugiados da Grécia. Na altura, Portugal foi o sexto país da União Europeia a receber mais refugiados e S. João da Madeira tornou-se logo disponível para receber famílias de refugiados com todos os desafios que isso trouxe”, relembrou Claúdia Pereira, destacando a parceria existente com a Cruz Vermelha.

Para a secretária de Estado para a Integração e as Migrações, este é “um desafio que tem tido muitos aspetos interessantes. Para já alargou a diversidade cultural e é muito bom saber que a integração nas escolas de crianças refugiadas tem sido um sucesso” com elas “a falar Português, passar de ano e o mais importante ter uma rede de amigos”.

Para além do sucesso na escola, é importante a articulação que tem sido feita com o tecido empresarial. Depois de um refugiado ter sido integrado numa empresa de cartonagem um outro está a trabalhar numa empresa de cortiça.

A integração de todas estas pessoas que tiveram de deixar a sua casa e o seu país na nossa sociedade só é possível através de “diferentes atividades e interação com outras pessoas” promovidas tanto pelo Município como pela Cruz Vermelha, em parceria com o Alto Comissariado para as Migrações, e do seu “esforço humanista”, considerou Claúdia Pereira.

Portugal vai receber entre 250 a 500 menores não acompanhados vindos da Grécia

“O Governo vai receber menores não acompanhados vindos da Grécia e a Cruz Vermelha Portuguesa irá receber os 25 primeiros” dos 250 a 500 que estão previstos chegar a Portugal, indicou Cláudia Pereira, descrevendo este como “um novo desafio para a sociedade portuguesa e esperemos que a integração destes menores não acompanhados tenha tanto sucesso como tem tido a integração de crianças refugiadas em S. João da Madeira”.

O Centro Humanitário da Cruz Vermelha de S. João da Madeira é “campeão de acolhimento, fruto da equipa da Joana (Correia) e de um Município muito forte” que tem “apoiado imenso num dos maiores obstáculos que é a obtenção de habitação em Portugal”, considerou Ricardo Santos, representante da Cruz Vermelha Portuguesa, mencionando que estão a preparar-se para “lançar o projeto pioneiro de acolhimento de menores não acompanhados” com o apoio do Governo. “Este será o primeiro, gostaríamos de ter muitos mais, mas vamos ver como corre a experiência”, concluiu Ricardo Santos.

Dos menores não acompanhados que vão chegar a Portugal, “espera-se que aqueles que venham para o Norte seja para S. João da Madeira”, revelou Joana Correira, diretora do Centro Humanitário da Cruz Vermelha, que neste momento acompanha 23 refugiados divididos por cinco agregados em cinco residências.

Uma das famílias acompanhadas encontra-se em fase final de protocolo com a Cruz Vermelha e prepara-se para “começar uma vida sozinha”, acrescentou Joana Correia, dando a  conhecer que um dos elementos está integrado no mercado de trabalho, numa empresa de cortiça, e ali tem “um projeto de futuro se ele quiser”.

Secretária de Estado desafia S. João da Madeira a ser Município piloto para cursos de português como língua de acolhimento

No fim do encontro, em declarações aos jornalistas, a secretária de Estado para a Integração e as Migrações lançou ao presidente da câmara “o desafio de S. João da Madeira ser o Município piloto para os nossos cursos de Português como língua de acolhimento que estão a ser reestruturados de forma a ser melhor adequados aos novos refugiados”. Além de serem lecionados nos Institutos de Emprego e nas escolas, estes cursos vão passar a ser lecionados em Centros Qualifica.

No Dia Mundial do Refugiado a Cruz Vermelha Portuguesa lançou o jogo “A Travessia dos Migrantes” que consiste na interação entre crianças de diferentes nacionalidades e alguns materiais como este o livro “Faruk reencontra o Verão” em Árabe e em Português. À semelhança de outros governantes e convidados que passam pela cidade, o Município ofereceu um chapéu a Cláudia Pereira.22

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