O primeiro “Mercado de Rua” ficou marcado pelas elevadas temperaturas que se fizeram sentir sábado passado e que afetaram os vendedores, levando-os a pedir à câmara municipal mais condições para que possam continuar a vender os seus produtos e para que possam manter os seus clientes.
Adelaide Duarte tem 78 anos e vende há mais de 50 fruta e legumes cultivados em casa no Mercado Municipal. “Não me importo de vir vender para a rua, mas as condições é que não são boas”, afirmou a vendedora, indicando como solução ideal aquela que foi usada aquando da última intervenção neste espaço municipal. “Fomos para aquelas barraquinhas e ficámos muito bem tanto para o sol como depois para a chuva”, disse Adelaide Duarte ao labor.
Temperaturas altas à parte, a venda de rua acabou por ser mais positiva do que as do interior. “Nos outros sábados a esta hora (nove da manhã) não tinha vendido tanto como hoje”, assumiu a vendedora, confessando que “até gosto (de vender) mais cá fora do que lá dentro”.
Numa outra banca encontrámos Regina Oliveira, de 56 anos, que concilia a profissão de monitora de formação profissional, em que trabalha com pessoas com deficiência mental, com a continuidade deste negócio de família.
Esta vendedora não concorda com a mudança do interior para o exterior se continuarem com as mesmas condições. “Isto não tem condições nenhumas”, mas se tivesse outras condições “claro” que não se importava de estar no exterior, assumiu Regina Oliveira, apontando, à semelhança de Adelaide, a solução adotada na última intervenção no Mercado.
Para esta vendedora, as vendas mantiveram-se iguais. “Os clientes habituais procuram-nos, mas queixam-se que não têm condições e levam as coisas quentes para casa”, contou Regina Oliveira ao labor.
Já os dois clientes com quem falámos preferem a venda no interior do que no exterior do mercado. “Gosto mais de ir lá dentro. Acho que tem outras condições e é mais confortável do que andar aqui (fora) com este calor”, assumiu Carlos Pereira, de 53 anos, que todos os sábados vai ao mercado. Da mesma opinião é Carla Silva, de 40 anos, também ela cliente assídua deste espaço municipal. Apesar de concordar que com outras condições o Mercado poderia estar no exterior, assim como Carlos. “Eu, pessoalmente, prefiro lá dentro. Acho que aqui fora é mais complicado. Está muito calor. De inverno depois está a chover e não é prático”, considerou a cliente.
Câmara garante que vai “melhorar para as próximas edições”
Confrontado com as queixas apontadas pelos vendedores ao labor, o vice-presidente José Nuno Vieira esclareceu que: “comunicámos logo que este primeiro sábado, sendo o primeiro, servia como experiência e aprendizagem para os próximos” até porque “isto é uma situação que vai acontecer todos os sábados durante um ano até à conclusão das obras e sempre que o tempo o permitir”. Por isso, “vamos agora melhorar (as condições) para as próximas edições”, garantiu José Nuno Vieira, dando como exemplo “pensar em mais soluções que aumentem a área de sombra” e “eventualmente o corte do trânsito neste troço da avenida, ao sábado de manhã, para permitir que as pessoas circulem com mais à vontade sem ter receio dos carros e até permitir uma disposição diferente das bancas”. Tudo isto são “coisas que vamos identificando, ponderando e tentando melhorar”, reforçou o vice-presidente. “De uma forma geral, do que tenho contactado quer com comerciantes, quer com clientes que vêm cá ao mercado é que estão a achar a ideia engraçada. Alguns até dizem que lhes faz lembrar o mercado de antigamente, à moda antiga e realmente fica um bocado com essa característica com esta venda de rua”, concluiu José Nuno Vieira ao labor.