Por entre estreitos postigos, que nos deixou o “invasor”
Tremem as nossas pálpebras, com medo do despertar,
Deste enorme pesadelo, de um mundo ameaçador,
Que surgiu mau, visceral, do abismo, sem se contar…
Mal acordados agora, olhamos desconfiados.
Ouvem-se ao longe os ruídos, submersos, receosos.
Desde há tempos bem escondidos, se não, somente abafados,
Agora uma melopeia, aos ouvidos, deliciosos…
Os apitos das buzinas, as mesas das esplanadas,
Um convívio limitado, gargalhada aqui e além
É a vida que regressa com os seus pequenos nadas,
É o sinal positivo de que a primavera aí vem.
De novo o ganhar-se o jeito, do que éramos como agentes
De uma existência banal, facilista, porém,
Já a esboçar-se o ram-ram, de novo agora presentes
Sem o terror instalado, que não poupava ninguém…
Homem! Um ser curioso, que se enfia num abrigo
Com uma defesa própria sem entender o que se passa,
Mas logo que é liberto, do receio que há consigo,
Esquece-o na aparência, esquecendo também a ameaça.
