Medida resultou de um memorando de entendimento assinado pelos diretores dos agrupamentos de escolas e câmara e aprovado pelo secretário de Estado Adjunto e da Educação
Semestres em vez de períodos. Já a partir deste ano letivo a atividade de todas as turmas da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário dos três agrupamentos de escolas (AE) da cidade passa a dividir-se em dois semestres e não nos tradicionais três períodos.
O primeiro semestre inicia-se a 14 de setembro e termina a 22 de janeiro e o segundo decorre de 1 de fevereiro até junho. Neste último caso, o dia varia conforme o nível de ensino. Pelo meio há interrupções e reuniões de avaliação (ver caixa). Esta organização semestral é feita em consonância com o calendário escolar oficial.
É “a grande novidade deste ano letivo em S. João da Madeira”
Na reunião de câmara de 31 de agosto, a vereadora da Educação anunciou aquela que é “a grande novidade deste ano letivo em S. João da Madeira”, como referiu ao labor já depois do fim da sessão. Trata-se de um projeto que “nasceu da vontade expressa” dos AE e que, após inúmeras reuniões, “resulta de um memorando de entendimento assinado pelos diretores e o Município e que foi aprovado pelo secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, após parecer favorável dos conselhos pedagógicos e conselhos gerais dos agrupamentos”.
Há outros concelhos onde isto já acontece, nomeadamente no distrito de Lisboa. Mas no país, e “apesar de o futuro passar por aqui”, ainda não são assim muitos, levando a responsável política a falar em “medida inovadora”, enquanto Paulo Cavaleiro, vereador da coligação PSD/CDS-PP, preferiu dizer “medida diferente”, quando o assunto foi aflorado no período de antes da ordem do dia
“Designações à parte”, Irene Guimarães explicou – desta feita, em declarações exclusivas ao nosso jornal – que com a organização semestral “há um pensar na avaliação” que, em seu entender, “vai refletir-se de forma positiva no processo de ensino e de aprendizagem”. “Vai-se ganhar em termos de interação com o aluno, com o encarregado de educação. É um ‘respirar’ que é extraordinariamente importante no sentido de as pessoas pensarem o que está a acontecer, o que há a melhorar, onde vamos ‘puxar’ o aluno A, B ou C”, esclareceu, completando: “É a tal avaliação contínua, não pensando num mero nível ou numa mera nota que vai ser colocada numa pauta. É também olhar para o aluno, para o seu percurso, e ter a possibilidade, de forma mais concertada, de articular quer com o próprio aluno, quer com o encarregado de educação”.
O novo formato organizacional pretende acabar com “um conjunto alargado de dificuldades que se considera que poderão ser um entrave a todo o processo de ensino e aprendizagem das nossas crianças e jovens, tais como desequilíbrio no número de dias de cada período letivo; burocratização do sistema de ensino; excessivas reuniões de avaliação sumativa que sobrevaloriza a avaliação das aprendizagens em detrimento da avaliação para as aprendizagens; a focalização, por parte dos encarregados de educação, na avaliação quantitativa dos alunos e não na qualidade das suas aprendizagens”. Irene Guimarães afirmou ao labor que “esta medida nada teve a ver com a pandemia [tendo a ideia surgido antes desta atingir o país]”, mas é de opinião que “vai ajudar a lidar melhor com ela”.
Este projeto, prestes a arrancar, vai contar com “uma equipa de monitorização que é composta pela câmara, representantes de cada um dos agrupamentos, do Ministério da Educação e também do Centro de Formação de Professores da Feira”, adiantou a vereadora. Ainda a propósito da dita equipa, Irene Guimarães deu nota que “vão existir reuniões periódicas onde vão ser apresentados resultados” e que “sempre que existir alguma coisa que precisa de ser melhorada sê-lo-á”.
Parceiros privados também foram ouvidos
Irene Guimarães assegurou ao labor que “todos os parceiros privados foram ouvidos [Ensino Artístico Especializado (Música e Dança) e também o CEI – Centro de Educação Integral]” sobre o assunto: “Todos se manifestaram muito positivamente”. No entanto, e até à passada segunda-feira, só havia a confirmação que são os três agrupamentos de escolas a avançar agora com a organização semestral.
Calendário Escolar 2020/2021
1º Semestre
Atividade letiva
Início: 14 de setembro
Fim: 22 de janeiro
Interrupções
1ª de 2 a 6 de novembro
2ª de 23 de dezembro a 1 de janeiro
Reuniões de avaliação
De 25 a 29 de janeiro
2º Semestre
Atividade letiva
Início: 1 de fevereiro
Fim: 9 de junho (9º, 11º e 12º anos)
15 de junho (7º, 8º e 10º anos)
30 de junho (educação pré-escolar, 1º CEB e 2º CEB)
Interrupções
1ª de 12 a 17 de fevereiro
2ª 29 de março a 9 de abril
Reuniões de avaliação
Imediatamente após o término do semestre
Principais objetivos da organização semestral
– Reforçar o contributo da avaliação contínua para o processo de aprendizagem, assumindo um caráter eminentemente formativo e mais sistemático;
– Potenciar a avaliação formativa para e das aprendizagens;
– Reforçar o envolvimento dos encarregados de educação e alunos no processo de avaliação de forma a orientar estes para o sucesso pleno;
– Valorizar o trabalho das equipas educativas como principal motor do processo de articulação curricular, com vista ao sucesso dos alunos;
– Melhorar a gestão do tempo e promover o trabalho colaborativo;
– Atenuar o stress associado à avaliação quantitativa, para os alunos, transformando-a num motor positivo na sua vida escolar;
– Aumentar a concentração dos alunos, uma vez que o trabalho será mais contínuo e coerente ao longo do semestre.
Abertura oficial do ano letivo a 14 de setembro
A abertura oficial do ano letivo 2020/2021está marcada para o dia 14 de setembro. A câmara, em articulação com os agrupamentos de escolas da cidade, está a “preparar tudo” para que o arranque seja o melhor possível, seguindo as orientações quer do Ministério da Educação, quer da Direção-Geral da Saúde.
A vereadora da Educação aproveitou o período de antes da ordem do dia (PAOD) para falar da organização do próximo ano escolar, inclusive da sua divisão em dois semestres, e para, depois de interpelada pela oposição, garantir que estavam “preparados” para iniciar no dia 1 as Atividades de Animação e Apoio à Família (AAAF) do pré-escolar e os serviços de Atividades de Tempos Livres (ATL) do 1º ciclo do ensino básico. Se bem que, segundo Irene Guimarães, “nunca estas crianças e famílias estiveram desamparadas”, graças ao programa “Escola Aberta” que permitiu queestas respostas fossem dadas em agosto na Escola Básica do Parrinho.
No PAOD, a responsável política ainda falou das Jornadas da Educação agendadas para 8 e 9 de setembro que, este ano, devido à pandemia, se realizam online. O evento conta já com “perto de 1.000 inscrições” e, de acordo com Irene Guimarães, terá, pela primeira vez, uma sessão destinada a pais e encarregados de educação.