Estou sentado no café, enfrentando a minha “bica”,
A meu lado quem se senta? Um peso de quilos cem,
Um bolo enorme p´ra si, que a meu ver tudo indica
P´ra consumo unicamente só p´ra ela, mais ninguém…
A seu lado de seguida, senta-se…será o marido?
Mas não desfruta do bolo, dela é exclusivo,
Embevecido olha atento, o bolo que foi comido,
Quase de um trago se foi no seu tubo digestivo…
Que enorme satisfação adivinhei no casal…!
Entornei a minha “bica”, sobre o jornal a meu lado;
Os dois nesta sua ágape, a modos que em ritual.
Sobre o mármore de um altar pelo casal adorado…
Escrevi neste poema de rima emparelhada,
Um facto mais que corrente, o gordo humano de agora;
A pena que até gostou de escrever a fome danada,
Tombou p´ro lado saciada, enfartada, manhã fora…
Corrente a visão do obeso, por cultura, ao que parece,
Tantas famílias de gordos, “passeios” de envergadura,
Espetáculo degradante numa visão que estarrece
Quem tal coisa vai olhando, num mundo de desventura.
