No seu giro, o do relógio, são quatro da madrugada

E no silêncio profundo, abrem-se quantas janelas!

Sabemos que despertamos, numa noite sem ter nada,

A não ser o seu luar e uma mão cheia de estrelas…

 

É a vivência algarvia, reinam as banalidades,

Como aventura de alguns e a calidez dos seus dias,

Mas onde o homem do Norte, com suas venalidades

Julga encontrar refrigério, p´ra umas quantas manias…

 

Mais noites de pandemia, onde circulam receios,

Que vão e regressam logo, como as estrelas cadentes,

Cruzando os ares celestes, enquanto nos seus passeios,

Julgamos que os maus tempos agora estarão ausentes…

 

Nas noites que nos despertam, vagueiam aí quanto sonhos

Na busca de que é frugal p´ra nosso divertimento,

E o homem, do infinito, onde circula o medonho,

Receia um poder de agora de novo confinamento…

 

Que o futuro nos traga a esperança secular,

Com alguma garantia: de viver como mortais,

De novo poder sorrir, falar e gesticular;

Tal qual éramos, tão frágeis, nas delícias dos banais

 

Foto de Arquivo Labor

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