Riscos há que se aceitam, quando o horizonte se esvai;
Não se definem as sombras, e há que as definir,
Encobertas pela névoa, que agora sobre nós cai;
Há que arriscar, pois se não que futuro haverá para vir?
Tantas são as fatalidades, que pesam nas nossas costas,
Mais as que estarão p´ra vir, certeza mais do que certa,
Se nos limitarmos somente às defesas sempre impostas,
Em avançar, sem corrermos riscos de retoma incerta.
Que panorama geral o da nossa juventude?
Na economia, nas artes, no ensino e na cultura,
Sem certezas, só o medo, este a única atitude,
À vista no horizonte, e há que tentar a aventura
De braços manietados, mordaças, máscaras, receios!
Se não enchermos o peito, pormos pernas adiante,
Jamais surgirá a luz e do pó estaremos cheios
De vazio e solidão e um futuro invariante!

Flores Santos Leite