Foi deixada pelo namorado à porta do Hospital sanjoanense, onde acabou por morrer
A existência de vários furtos em viaturas na Avenida do Vale,em S. João da Madeira, levou a Polícia de Segurança Pública (PSP) a criar uma equipa de investigação deste tipo de crime.
Os agentes de serviço detetaram, às 0h00 do dia 24 de setembro, “uma viatura suspeita a circular na área de ocorrência dos furtos, com as luzes desligadas, parando junto aos veículos estacionados”. “Momentos depois foi audível o ruído correspondente à quebra de um vidro de uma viatura ali parqueada, indicando a prática criminal,” o que levou a polícia a abordar os ocupantes da viatura suspeita. Abordagem essa que acabou com “os polícias a efetuarem disparos com arma de fogo, em circunstâncias que serão apuradas,” e com a viatura suspeita a conseguir “fugir do local sem que fosse possível deter os seus ocupantes”, deu a conhecer a Direção Nacional da PSP através de comunicado encaminhado pelo Comando Distrital da Polícia de Aveiro ao labor.
Ao longo desta abordagem, em que os suspeitos do crime resistiram à sua detenção por parte da polícia, o disparo de um dos agentes alegadamente terá atingido um dos ocupantes, uma mulher de 23 anos, que foi deixada pelo namorado, pouco depois da meia-noite, no Hospital de S. João da Madeira, onde acabou por morrer.
“Posteriormente, uma cidadã com ferimento por arma de fogo, que se supõe estar relacionada com ocorrência descrita, deu entrada no Hospital de S. João da Madeira”, onde “entrou em paragem cardiorrespiratória e faleceu”, informou a polícia.
Os factos foram dados a conhecer à Polícia Judiciária e à Inspeção Geral da Administração Interna. No local estiveram dois inspetores da Inspeção da PSP para procederem a uma análise e avaliação iniciais. A PSP instaurou um inquérito de âmbito disciplinar aos agentes de serviço para apurar as circunstâncias desta ação policial.
“Independentemente do apuramento dos factos ocorridos, a PSP apela e aconselha que todos os cidadãos cumpram as ordens legais e legítimas dadas pelos seus polícias”, concluiu a Direção Nacional desta força de segurança.
“Não há nada a acrescentar ao que já foi informado anteriormente”
Depois do comunicado enviado às redações, o labor tentou obter mais informações sobre as circunstâncias desta ação policial, que terminou com a morte de um dos suspeitos da prática de assalto a uma viatura na Avenida do Vale, em S. João da Madeira, junto da PSP e da Polícia Judiciária (PJ).
Ao nosso primeiro contacto, a Superintendente Virgínia Cruz, Comandante Distrital da Polícia de Aveiro, disse que “sobre os factos, a Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública emitiu comunicado à imprensa” e que, “como referido, a investigação transitou para a alçada da Polícia Judiciária”.
O labor voltou a insistir com algumas questões junto da PSP, como o número de agentes envolvidos nesta ação policial, o resultado da análise e avaliação dos inspetores da PSP, o que aconteceu aos agentes envolvidos até que esteja concluído o inquérito disciplinar, o número de furtos em carros registados na Avenida do Vale e, se for o caso, noutras zonas da cidade, mas não obteve respostas concretas. Ao nosso jornal, a Superintendente Virgínia Cruz respondeu que “sobre os factos ocorridos no dia 24 de setembro em S. João da Madeira, nada há a acrescentar ao que já foi informado anteriormente”.
Para além das questões colocadas em primeira instância à PSP, questionámos a PJ sobre o mesmo assunto. A saber sobre o número de disparos efetuados pela polícia, para que zona da viatura, se um desses disparos realmente acertou na mulher que acabou por morrer, o número de suspeitos que estavam na viatura que resistiu à tentativa de detenção e fugiu à polícia e informação sobre os mesmos. Até ao fecho da edição do labor não foi obtida uma resposta.
Suspeitos do crime
De acordo com o que tem sido avançado por vários órgãos de comunicação social, Inês Carvalho, de 23 anos, do Porto, seguia no lugar do pendura da viatura suspeita de estar na Avenida do Vale a furtar um carro e não tinha cadastro criminal. A conduzir estaria André “Pirata”, de 25 anos, natural de S. João da Madeira, mas a residir no Porto. Está entre os mais de mil reclusos libertados ao abrigo do perdão de penas para reduzir o risco de contágio por Covid-19 nas prisões. Cumpria pena por tráfico de droga e ameaça com arma branca em Custóias. Até fecharmos a edição, o suspeito continuava a monte.