O Trilho – Unidade de Apoio a Toxicodependentes e Seropositivos, valência da Santa Casa da Misericórdia, identificou 24 pessoas em situação de sem-abrigo em S. João da Madeira, segundo informação atualizada no mês anterior, com a salvaguarda de que este número foi superior entre janeiro e setembro deste ano.

Destas 24 pessoas, acompanhadas pelo Trilho, Centro Comunitário Porta Aberta, também ele da Misericórdia, Centro Comunitário da Associação de Jovens Ecos Urbanos e Protocolo de RSI da ACAIS – Associação Centro de Apoio aos Idosos Sanjoanenses, 10 estão em quartos de pensões e em apartamentos de autonomização e de emergência. Apesar de estarem numa destas respostas, estas pessoas “mantêm-se nas estatísticas dos sem-abrigo”, deu a conhecer Branca Correia, diretora do Trilho, ao labor.

Entre os principais problemas que levaram estas pessoas a terem a rua como “casa” estão “problemas de saúde mental, comportamentos aditivos e dependências, desemprego, divórcio, desestruturação familiar”, revelou. A forma como o Trilho as acompanha passa pelo “apoio social para aquisição de medicação prescrita, transportes a consultas, documentação, acesso a prestações sociais, acesso à cantina, balneário e lavandaria social, pagamento de quartos de pensão, integração no apartamento de autonomização, fornecimento de alimentos e produtos de higiene, vacinação contra a gripe, entrega de máscaras comunitárias, apoio psicossocial e monitorização do número de indivíduos em situação de sem-abrigo mensalmente e locais de pernoita”, explicou Branca Correia, esclarecendo que a “câmara municipal tem possibilitado estes apoios na medida em que paga as refeições da cantina social extra acordo com a Segurança Social, através do Programa de Apoio Famílias e Fundo de Maneio, disponibiliza de um T4 para instalação do apartamento de autonomização, máscaras comunitárias e articula com os Centros de Saúde Entre Douro e Vouga para a Campanha de Vacinação Contra a Gripe”. Noâmbito do trabalho desenvolvido na Rede Social, a equipa do Trilho foi nomeada como elemento interlocutor local para a Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.

Pandemia “veio piorar” processo de integração destas pessoas em respostas sociais

A todas as pessoas que se encontram em situação de sem-abrigo são apresentadas “soluções” que são “mais adequadas à sua situação em geral, isto é, quase sempre passam por um Centro de Alojamento Temporário”. Todavia, “se se tratarem de cidadãos com consumo de substâncias ativo, não podem enquadrar esta resposta sem devida medicação/tratamento”, informou a diretora técnica do Trilho, clarificando que “todas as respostas/recursos sociais têm regras que, por vezes, não se coadunam com a situação de extrema vulnerabilidade e desfiliamento dos cidadãos que temos à frente”.

Ao labor, Branca Correia não teve dúvidas ao afirmar que “a situação pandémica veio piorar todo este processo, pois é muito mais difícil conseguir vagas nas respostas sociais, e implicam teste à Covid-19 e a um período de isolamento voluntário”. Nos casos em que estas pessoas recusam as soluções apresentadas, “mantemos o acompanhamento e os apoios com o objetivo de colmatar necessidades básicas, nomeadamente cantina, lavandaria e balneário social, medicação prescrita, apoio psicossocial”, assegurou a diretora técnica do Trilho. “O objetivo primeiro é manter sempre a ligação que permita monitorizar o estado geral do cidadão e manter a abertura dos canais de intervenção”, concluiu Branca Correia ao labor.

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