Por muito que uns (para agradar a outros) tentem branquear responsabilidades escrevendo acerca deste assunto, com grande falta de rigor e isenção, importa repor a verdade dos factos.
Em 2009, o então Presidente da Câmara Municipal, Manuel Castro Almeida, fez significativas obras de recuperação no Palacete dos Condes, cujo custo foi de 480.000 euros.
Na altura da sua inauguração pública disse o referido autarca: “Hoje, mediante um delicado projeto de recuperação e adaptação a antiga residência de um dos maiores beneméritos da cidade prepara-se para receber uma nova inquilina: a empresa municipal Águas de S. João.”
Nos anos seguintes e já na presidência de Ricardo Figueiredo (também ele eleito pelo PSD) assistimos à completa degradação do edifício, que atingiu um estado deplorável, conforme referem os serviços camarários. Esta lamentável degradação decorreu, tão só, de uma inexistente conservação.
Mesmo assim e tendo deixado o edifício atingir esse lamentável estado, numa visita que ocorreu em dezembro de 2014, na companhia de vereadores e responsáveis pela Universidade Sénior a quem cedeu as instalações, Ricardo Figueiredo não resistiu realçar “…o papel da Universidade Sénior na promoção de uma longevidade saudável de plena participação na sociedade”, considerando até que “a ocupação do Palacete dos Condes por tão meritória instituição sanjoanense honra a história e importância do edifício” e constituía, ao mesmo tempo, “uma mais-valia para a cidade”.”
Porque será que nenhuma destas promessas foi concretizada?
Terá pesado o facto de serem necessárias novas obras de recuperação orçadas em mais de 700.000 euros?
Convenhamos que é dinheiro que a câmara não tem e se juntarmos à equação os 480.000 gastos anteriormente, seria um mau ato de gestão.
Em 2019, o atual Presidente da Câmara, Jorge Sequeira, atento às oportunidades que se lhe colocam, propõe candidatar o palacete ao Programa Revive, uma iniciativa nacional conjunta dos Ministérios da Economia, da Cultura e das Finanças que visa promover a requalificação e aproveitamento turístico de imóveis com valor arquitetónico, patrimonial, histórico e cultural.
O lançamento do concurso público para a concessão da exploração do Palacete dos Condes Dias Garcia, no âmbito do programa Revive, é então aprovado por unanimidade pelo PS e pela coligação PSD/CDS-PP na reunião de câmara.
Da parte da coligação PSD/CDS-PP, e nas palavras do vereador Paulo Cavaleiro, o sentimento é que “as coisas corram bem”, e que apareçam interessados, caso contrário será uma perda de tempo.
Ora, para bem da cidade e para mal de alguns profetas da desgraça apareceram interessados.
Retira-se deste episódio que por vezes é necessário refrear o arrebatamento e o entusiasmo na vontade de mostrar serviço e ser rigoroso naquilo que se escreve.
O pescador do mar alto
Vem contente de pescar.
Se prometo, sempre falto:
Receio não agradar.
Fernando Pessoa