As “cúmplices perfeitas para ter a liberdade de fugir de todas as pressões a que estamos sujeitos”, afirmaram Mariana e João ao labor
O projeto “Nivan Camper Van” é da autoria dum casal sanjoanense que decidiu converter duas mini vans numa “casa sobre rodas”.
A Mariana tem 31 anos, é enfermeira e adora fotografar. O João tem 39 anos, é supervisor de qualidade e adora tocar guitarra. Ambos têm um espírito aventureiro que
os levou à primeira experiência de passar férias numa carrinha em 2016. “Fizemos a Costa Vicentina e viemos completamente apaixonados por esta aventura”, confessou Mariana Dias. É impagável “a possibilidade de ter um quarto de hotel sempre disponível, com uma vista diferente, próximo da natureza e sem horários”, acrescentou João Duarte.
O casal ficou de tal forma rendido a este tipo de “turismo sobre quatro rodas” que decidiu comprar a primeira carrinha em agosto de 2019. “Os nossos trabalhos são muito exigentes e absorvem muito do nosso tempo, por isso decidimos que o nosso tempo livre teria de ter o máximo de qualidade possível e uma van é a cúmplice perfeita para ter a liberdade de fugir do trabalho e de todas as pressões a que estamos sujeitos”, afirmaram Mariana e João ao labor.
O casal sentiu um aumento da procura por este tipo de “turismo sobre quatro rodas” em plena pandemia e decidiu comprar uma segunda carrinha, em julho deste ano, com o objetivo de a alugar a outras pessoas para que possam viver este tipo de aventura.
Os pedidos foram tantos que chegaram a ter de recusar alguns deles. “Tínhamos muitos pedidos de famílias, mas o limite é duas pessoas para estarem juntas e fugirem à rotina”, esclareceu João. Esta nova aventura, a do aluguer, tem “corrido bem e até já tivemos um pedido de casamento”, revelou Mariana.
Curiosamente, todas as pessoas que alugaram as carrinhas estavam a viver este tipo de experiência pela primeira vez. Quando regressaram das férias, “vieram rendidos”, confirmou Mariana. Uma destas pessoas comprou “uma tenda para o carro” e outras duas compraram “carrinhas”, completou João.
Quando “o menos é mais”

As duas carrinhas são mesmo muito pequenas, têm três metros de comprimento e um metro e meio de largura, mas conseguem “ter tudo exceto uma casa de banho”, afirmou João, demonstrando juntamente com Mariana, que o que é preciso é levar apenas os bens básicos e otimizar ao máximo o espaço da “casa sobre rodas”. A única diferença entre as carrinhas é que a primogénita já tem um pequeno terraço e a outra ainda não. De resto, as duas carrinhas são semelhantes. Levam a mala da roupa, as cadeiras, o chuveiro, entre outros objetos no topo. Já no seu interior temos um quarto que facilmente é transformado numa cozinha e numa sala de estar com duas mesas, uma extensível e outra suspensa na lateral. Por baixo da cama e da sala existem compartimentos em madeira com múltiplas potencialidades. Em cada um destes compartimentos, aproveitados ao máximo, encontramos os utensílios básicos para fazer refeições simples e muito mais. Ao longo desta visita guiada feita pelo casal, durante a manhã de sábado passado, ao labor, testemunhamos que realmente “o menos é mais”. “Quando dizemos que a experiência é transformadora, quase terapêutica, é pelo facto de termos de sair de casa com os recursos básicos” porque “rapidamente percebemos que todo o resto é acessório” e “ganhamos uma maior consciência da vida e do próprio ambiente”, assumiu o casal, exemplificando com a gestão da água que é “contada ao litro e poupada ao máximo para que não falhe entre refeições e banhos”.
“Temos o nosso tempo e o tempo de cada um”
Até ao momento, Mariana e João nunca tiveram uma experiência menos positiva nos locais por onde param durante o dia e pernoitam. A internet tornou mais fácil a organização da viagem deste tipo de turistas seja pelas aplicações sobre parques pagos, não pagos, seja pelas trocas de informações entre esta comunidade de pessoas, seja pelas experiências que levam à descoberta de locais valiosos que na maior parte das vezes não aparecem nos guias turísticos. Uma das joias encontradas neste tesouro sobre rodas é poderem estar em sítios sem distrações e muitas vezes sem rede, ou seja, completamente desligados de tudo e de todos. “Temos o nosso tempo e o tempo de cada um” e isso, mais uma vez, é demasiado precioso, considerou João. As carrinhas têm “trazido muito mais do que aquilo que imaginamos. Já não nos imaginamos sem elas, fazem parte da família e são fundamentais para viver momentos e criar memórias onde ser feliz combina com as coisas mais simples da vida”, concluiu o casal ao labor.
Curiosidades
As Nivans têm 31 anos e o seu nome, “Ni”, é em homenagem à mãe de Mariana que impulsionou o casal a comprar a primeira carrinha
Este projeto conta com o apoio do irmão Pedro sempre disponível da mecânica à pintura, do pai Eduardo que é especialista em trabalhos manuais, das mães dotadas na costura e de toda a família e de todos os amigos na promoção das carrinhas
Mariana e João já visitaram “sítios incríveis” no nosso país com as Nivans
A viagem de sonho é a Marrocos e para tal estão a pensar em comprar uma van maior
Quem quiser conhecer a história do projeto deve procurar por “Nivanpt” no Instagram https://www.instagram.com/p/B1_XfNcHWjh/