De manhã, a minha marcha, caminhada costumeira;
A seguir vou-me sentar na cadeira de onde vejo
À minha volta caixinhas, os frascos, toda a maneira.
De lidar com os pacientes, com os cuidados que desejo…
Rótulos antigos são tantos do velho receituário!
Já lá vão 70 anos de assistência à dor ao lado.
Quantas drogas já inexistentes, mas que eram o diário,
Hoje já tão diferentes substituindo as do passado!…
Livros antigos, modernos, há-os até lá ao fundo;
Apontamentos, pareceres, acumulados de anos,
Conceitos ultrapassados, mas de um saber tão profundo,
Por onde então se regiam os nossos queridos decanos…
E revejo nos quadros, já antigos, os espelhos,
Daqueles corpos e almas que passavam pela frente,
À procura das melhoras, por remédios ou conselhos,
Sobre toda a Humanidade de per si tão exigente…
Hoje comparo o que era com o que há de arbitrário,
E ressalta à minha mente o quão há de diferença;
Outrora era o clínico a ouvir queixas, ao contrário
De hoje, que é a máquina, que define qual a doença…
É a mudança exigida pelos protocolos instáveis;
Esses são quem nos definem as linhas de atuação;
E nós à volta dos antigos, que nos olham, inefáveis!
Fazem-nos cismar ao ponto de pensar por que razão??