Funciona “num edifício independente”, “onde não há qualquer cruzamento entre as pessoas das diferentes valências”
Contrariamente àquele que a Santa Casa da Misericórdia (SCM) tem no seu edifício sede, em S. João da Madeira, que se encontra encerrado desde março último por “partilhar o espaço físico e recursos humanos com o Lar de Idosos São Manuel”, o Centro de Dia de Fajões reabriu no passado dia 12 de outubro.
Esta resposta social, segundo a diretora técnica, reiniciou a atividade “com novos procedimentos e regras que estão a ser cumpridos tanto pelos utentes como pelos colaboradores”, encontrando-se a funcionar “num edifício independente do espaço do lar, onde não há qualquer cruzamento entre as pessoas das diferentes valências”.
Para trás, ficaram vários meses em que, não obstante o seu centro de dia estar de portas fechadas, a instituição continuou a prestar serviços no domicílio dos utentes, nomeadamente o fornecimento de refeições e a preparação da medicação. Para além disso, a alguns dos idosos foram prestados serviços de cuidados de higiene e serviços de enfermagem.
Foi esta a forma de atenuar as “marcas” da pandemia cujo fim ainda não está à vista. Mas, mesmo assim, quando o assunto é a saúde mental dos utentes do Centro de Dia de Fajões, Catarina Campos garante ter havido “um agravamento na maior parte dos utentes, pois estes deixaram de ter rotinas, atividades e principalmente a companhia uns dos outros”.
“Notei que tanto a parte física como a parte cognitiva estavam muito alteradas, porque, apesar da instituição prestar alguns serviços, muitos dos utentes passavam o dia sozinhos, sem qualquer apoio familiar”, contou a responsável diretiva ao labor, segundo a qual no Centro de Dia, assim como na ERPI – Estrutura Residencial para Idosos Drª Leonilda Matos , “as equipas tentam fazer o máximo para diminuirmos tanto a ansiedade como este declínio que se viu em alguns utentes”.
Utentes e colaboradores tidos como “verdadeiros heróis”
“Diariamente trabalhamos para os utentes, para atender a todas as necessidades e dentro das possibilidades que existem nesta altura. Damos o máximo por eles”, garantiu Catarina Campos, indo ao encontro do que também disse ao nosso jornal Juliana Sá.
A psicóloga da SCM referiu-se tanto aos idosos como aos colaboradores que com eles trabalham diariamente como “uns verdadeiros heróis”, assegurando ainda que “tudo o que pode ser feito está a ser feito”.
Relativamente aos utentes do Lar São Manuel, com os quais tem trabalhado mais, Juliana Sá não pode “dizer que tenha havido um agravamento significativo da sua saúde mental”. “Notámos alterações, mas muito subtis. Nada por aí além”, fruto, em grande parte, do trabalho que se continuou a desenvolver, mas, desta feita, adaptado à nova realidade.
“As atividades dinamizadas pelas nossas animadoras foram sendo retomadas, mas em moldes diferentes: com grupos mais pequenos, em lugares mais arejados, etc.”, explicou a psicóloga.