Passados três anos de mandato, já resolveu todos os problemas da câmara?

Não. Os problemas são muitos. Temos problemas antigos e todos os dias surgem novos problemas. O trabalho político ou camarário é contínuo. Por um lado, como disse, encontrámos muitos dossiers com alguma antiguidade que careciam de abordagem e de resolução. Temos vindo a resolvê-los. Por outro lado, a preparação do futuro exige uma grande atividade de planeamento e por isso estamos a preparar uma agenda para a tran- sição energética e para a sustentabilidade da cidade com uma agência de energia. Estamos a preparar a revisão do Plano Diretor Municipal e estamos também a promover o alargamento da ARU (Área de Reabilitação Urbana). Isto é, resolvemos muitos problemas, problemas antigos, criámos programas novos, melhorámos os programas existentes, mas seria falso dizer que resolvemos todos os problemas da cidade.

Dos que resolveram, quais os mais complexos?

Encontrámos matérias muito complexas por resolver e por resolver há muitos anos. Estamos a trabalhar nelas. Por exemplo, regularizar a situação da empresa municipal das águas que desde 2009 precisava de ter um contrato de gestão delegada entre a empresa municipal e o Município. Ele não existia, estamos a elaborá-lo e já foi aprovada uma minuta que está na ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos) para apreciação.

CONTRATO DE GESTÃO DELEGADA DA ÁGUA: “DEVERIA TER SIDO FEITO EM 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, EM 2017, MAS FELIZMENTE ESTÁ A SER FEITO AGORA”

Qual o ponto de situação do contrato de gestão delegada da água?

Fizemos uma avaliação à empresa, em primeiro lugar, com apoio de uma assessoria externa. Essa avaliação foi partilhada com os membros da Assembleia Municipal. Depois desenvolvemos um longo processo de negociação dos termos desse contrato com o parceiro privado. Submetemos uma minuta desse contrato à aprovação da Câmara Municipal e foi aprovado. Neste momento esse documento está na ERSAR para apreciação e temos mantido reuniões de trabalho.

Já há uma data para novos desenvolvimentos?

Ainda não. É um tema complexo. S. João da Madeira (SJM) é um caso muito “sui generis” porque em 2009 a câmara municipal decidiu vender uma parte do capital da empresa municipal a um parceiro privado. Este modelo de relação contratual é um modelo que não tem enquadramento direto na legislação do setor. Portanto, está a ser feito um trabalho para regularizar a situação. Esse trabalho deveria ter sido feito em 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, em 2017, mas felizmente está a ser feito agora.

ZONA INDUSTRIAL DAS TRAVESSAS: “FIZEMOS EM POUCOS MESES AQUILO QUE NÃO FOI FEITO EM MUITOS ANOS”

Que outros dossiers complexos desbloqueou?

A Zona Industrial das Travessas (ZIT) tem uma história muito interessante. Ela foi inaugu- rada em maio de 2016. Todavia, apesar dessa inauguração que o PSD há dias mencionou como um facto muito importante, o que é certo é que quando tomámos posse ninguém podia adquirir e construir lotes na ZIT. Esse investimento estava bloqueado por um problema jurídico, os lotes não estavam registados e ninguém podia comprar e vender lotes. Fiquei muito surpreendido por existir esse problema porque todos os cidadãos pensavam que com a inauguração feita pelo PSD a ZIT estaria pronta a ser utilizada e a ser colocada ao serviço da economia. O que é certo é que isso não correspondia à verdade. O que fizemos foi resolver esse problema, dando-lhe prioridade. Em maio de 2018 finalmente conseguimos resolver esse problema jurídico que exigiu muito empenho, muito trabalho jurídico, propor ações e negociar algumas questões até em tribunal, tudo por iniciativa da Câmara Municipal de SJM e conseguimos colocar a ZTI ao serviço da economia. Fizemos em poucos meses aquilo que não foi feito em muitos anos. Portanto, esse foi um dossier que resolvemos e os resultados estão à vista. Já foram vendidos inúmeros lotes dos cerca de 57 lotes que compõem a ZIT. A câmara era proprietária de 10 lotes. Após a resolução do problema em maio de 2018, a câmara já vendeu sete lotes e estão em construção várias empresas na ZIT em lotes vendidos pela câmara e por particulares. Portanto, o dinamismo da nossa economia é fruto do nosso empenho em resolver esse problema.

Mais algum?

O Palacete dos Condes é um caso ainda mais extraordinário porque é o edifício mais emblemático da nossa cidade, é um edifício com uma vastíssima história. Foi Liceu, Instituto de Línguas, Centro de Formação do Calçado, Tribunal. Foi alvo de um incêndio há cerca de 30 anos e em 30 anos não foi utilizado. Portanto, estava também num impasse e tentámos encontrar uma solução que permitisse reabilitá-lo, dar-lhe uma nova vida e foi o que fizemos com a iniciativa que tomámos de integrar o Palacete dos Condes num programa de reabilitação de imóveis históricos e culturais. A câmara municipal lançou a concessão com o apoio do Governo através do programa REVIVE. Já assinámos o contrato para entregarmos esse palácio ao Grupo Hoteleiro Melia, um grupo internacional muito reputado que estima investir em SJM cerca de sete milhões de euros. O palácio terá os seus jardins abertos à população, o edifício manterá por completo a sua traça, será um edifício disponível para a fruição de todos.

O que é que faltou aos executivos anteriores para resolver estes problemas?

Terá que lhes perguntar.

CADEIRA DE DENTISTA: “NÃO É UMA OBRA DE MILHÕES, NÃO É UMA OBRA DE BETÃO, MAS É UMA OBRA QUE MUDOU A VIDA DE MUITAS PESSOAS”

Qual a medida ou a obra do mandato?

É difícil escolher uma medida ou uma obra. Já disse em tempos que uma das medidas que mais me impressionou foi a instalação da Cadeira de Dentista no Centro de Saúde em SJM. A câmara municipal adquiriu e montou uma Cadeira de Dentista, raio-x e mais equi- pamento para proporcionar aos sanjoanenses consultas dentárias no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Essa resposta não existia. Tivemos a colaboração da Junta de Freguesia e do Governo. Durante a campanha eleitoral vários eleitores me diziam que não tinham dinheiro para ir ao dentista. Não tínhamos em SJM uma resposta no SNS que permitisse a essas pessoas beneficiar da saúde oral. Apercebi-me disso, vi que era um tema muito grave e empenhamo-nos em resolver o problema. Desde que a Cadeira de Dentista foi instalada, até à data de hoje, já foram dadas cerca de 2.500 consultas. O que é mais impressionante e grave é que para muitas das pessoas, incluindo pessoas com 70 e 80 anos, foi a primeira vez que foram ao dentista. Quando me candidatei disse que não me candidatava para fazer obras de pompa e de circunstância nem obras faraónicas, que queria resolver problemas concretos das pessoas, e se quer que lhe diga, esta não é uma obra de milhões, não é uma obra faustosa, não é uma obra de betão, mas é de facto uma obra que mudou a vida de muitas pessoas com pouco investimento. Na verdade só dependia de uma coisa: vontade política e um alinhamento correto das prioridades dos decisores políticos. Acho que provamos que havendo vontade política e um alinhamento correto das prioridades, conseguimos resolver os problemas das pessoas com alguma facilidade.

“NUNCA IREI FAZER INAUGURAÇÕES DE FACHADA”

Enquanto “Diretor Comercial” da cidade, como avalia a captação de 60 milhões de euros privados nos últimos três anos?

Vou transmitir os dados objetivos e as pessoas avaliarão por si. De 2008 a 2017, até ao início do meu mandato, em termos de licenciamento de habitação coletiva apenas foi licenciado um prédio. Ou seja, vivemos um período de total estagnação, o que se compreende, também fruto da crise económica. De 2017 até à data de hoje, entraram na câmara 17 processos de licenciamento de prédios de habitação coletiva, ou seja, 17 projetos de investimento imobiliário que vão trazer habitação de qualidade, mais população, que vão fixar jovens na nossa cidade. Desses 17 projetos, seis já estão em execução. Isto no setor do imobiliário para construção. No setor dos edifícios empresariais são vários os que foram licenciados. Uns já foram completamente construídos, outros estão em construção ou vão iniciar a construção no próximo ano, incluindo na ZIT. No setor do comércio e da distribuição, logo após ter tomado posse acolhemos o investimento do Mercadona que foi importante na nossa cidade. Vamos ter também um investimento na “Renato Araújo” que vai resolver um problema de ocupação do território e urbanístico do Grupo Aldi em que a câmara foi muito exigente relativamente à arquitetura e ao enquadramento paisagístico do projeto. No setor hoteleiro tivemos a iniciativa e a ideia de lançar o concurso da concessão do Palacete dos Condes e felizmente um reputado grupo internacional vai concretizar aqui esse investimento. Vamos ter mais um hotel na “Renato Araújo”. Vamos ter uma incubadora de iniciativa privada ao lado da Oliva que já está praticamente construída. Por isso, o investimento privado em SJM nestes últimos anos é muito relevante e muito significativo. Como presidente da câmara promovi visitas à cidade, apresentei-a a vários investidores, fiz o meu trabalho de promoção económica, mas quando recebo um investidor essas visitas não são feitas com holofotes. É um trabalho discreto que não deve ser avaliado pela propaganda, deve ser avaliado pelos resultados.

De acordo com a oposição o seu executivo está “estagnado a nível de investimento” e passo a citar: “Para a zona das Travessas estavam previstos 1.500 postos de trabalho” e “100 milhões de euros de faturação anual”, disse o vereador Paulo Cavaleiro; “Se ele como Diretor Comercial for assim é melhor tirar outro curso”, afirmou Susana Lamas, presidente do PSD; e “Muito destes 60 milhões vêm de executivos anteriores, o que se vê é sorte”, declarou Ricardo Mota, à altura líder do CDS-PP.

Sobre a Zona Industrial das Travessas teria vergonha em falar desse assunto se fosse o PSD. Há uma coisa que de mim as pessoas podem ter a garantia: nunca irei fazer inaugurações de fachada. Aliás, o Palacete dos Condes também foi inaugurado em 2012 e por dentro, hoje, está praticamente em ruínas. Acho que inaugurar as coisas que não estão concluídas é uma tradição do PSD. Não faço folclore com as obras municipais nem festas infundadas. Faço o meu trabalho e espero vir a ser julgado pelos resultados. Sobre essas afirmações, que são pura propaganda política, a minha resposta com os números que estão atrás creio que fala por si. Tivemos de corrigir muitos erros do PSD. Por exemplo, assim que tomei posse fui forçado a remover do Parque do Rio UL uma instalação recreativa que tinha sido lá colocada, mas que não observava nenhuma condição de segurança e que era um risco para a vida e para integridade das crianças e das pessoas. É bom que os sanjoanenses se recordem disso. Por exemplo também, o ano passado tivemos de pagar 300 e tal mil euros de indemnizações por processos judiciais a trabalhadores motivados por erros de gestão do PSD. Os erros que conseguimos corrigir, vamos corrigindo, as declarações políticas do PSD é que não consigo corrigir.

Depois da divergência de opinião sobre a delegação de competências, já voltou a falar sobre o assunto com a presidente da junta?

Ainda não tivemos oportunidade de abordar esse assunto, mas obviamente que a minha disponibilidade para dialogar com a senhora presidente da junta é sempre permanente.

“VAMOS DUPLICAR O SUBSÍDIO ORDINÁRIO AOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SJM”

Até ao momento quanto dinheiro a câmara já gastou com a Covid?

Todas as semanas surgem necessidades de despesa, mas efetivamente creio que rondará os cerca de 350 mil euros a nossa despesa com a Covid.

Qual valor da rubrica Covid para o orçamento de 2021?

O orçamento de 2021 ainda está em preparação, não está fechado, mas vamos ter uma rubrica para despesas Covid significativa. Perto de 80 mil euros é o valor que estamos a estimar agora. Uma rubrica que vai estar afeta à proteção civil para necessidades urgentes e que se possa colocar ao nível de equipamentos, de meios de proteção individual, de máscaras, de desinfetantes, de informação. Essa será uma primeira rubrica Covid. Vamos ter também uma rubrica Covid na ação social com a previsão do Fundo de Emergência Social que criámos este ano e uma rubrica Covid de reforço aos Bombeiros Voluntários (BV) de SJM. Vamos duplicar o subsídio ordinário aos BV porque para mim é absolutamente impensável que a operacionalidade dos bombeiros não esteja assegurada a 100%.

Por iniciativa da câmara ou a pedido deles?

É uma iniciativa que decorre do diálogo permanente que temos com a Associação Humanitária dos BV de SJM que nos comunicou que precisava de um reforço do seu financiamento visto que algumas fontes de receita, designadamente no transporte de doentes, estavam a sofrer uma baixa muito significativa. Portanto, as receitas dos bombeiros sofreram um corte significativo e as despesas aumentaram. Portanto, a câmara como responsável pela proteção civil deve assegurar a cada segundo, a cada minuto, a cada hora, a plena capacidade de resposta dos bombeiros e é isso que devemos garantir à cidade.

A câmara sempre vai fazer um contrato programa com bombeiros em 2021?

Estamos a trabalhá-lo para que entre em vigor no próximo ano.

“NÃO HÁ NADA MAIS IMPRESSIONANTE NA VIDA DE UM AUTARCA DO QUE PARTICIPAR NA ENTREGA DE UMA HABITAÇÃO SOCIAL”

O que vos levou a tornar o TUS (Transportes Urbanos Municipais) de SJM gratuito só em 2021?

É uma medida que vai ter reflexo financeiro no orçamento de 2021. Em 2018 fomos pioneiros e inovadores ao decidir que todos os estudantes utilizavam o TUS gratuitamente. Isso teve um impacto extraordinário porque a subida de procura de jovens do TUS foi maravilhosa. Essa é uma medida que tem uma mensagem ambiental. Habituar as crian- ças à sensação de andar no autocarro e no transporte coletivo. Criar esse tipo de hábitos. Entretanto, verificámos que o setor de atividade que tem mais impacto e responsabilidade na emissão de CO2 na nossa cidade é o setor dos transportes. Temos que reduzir o uso do transporte individual em SJM. Somos uma cidade pequena. Há muitos trajetos que se podem fazer a pé, mas que hoje se fazem de carro. Por isso, elegemos como medida bandeira tornar o TUS gratuito para todas as pessoas, todos os utentes como grande ação de sensibilização ambiental para o uso do transporte coletivo.

Não tem receio desta medida ser vista como eleitoralista por entrar em vigor em ano de eleições autárquicas?

Não. 2021 é um ano como outro qualquer. A câmara está em plenitude de funções e pode tomar as medidas que entender dentro do quadro das suas competências legais.

Na primeira entrevista que deu ao labor como candidato socialista disse: “sempre tive vontade de lutar pelos direitos das pessoas”. Como é que o tem feito?

Creio que tenho feito isso de várias maneiras. Eu e toda a equipa que comigo trabalha. Desenvolvendo uma política de melhoria das condições sociais das pessoas, das condições de acesso à saúde com o programa da vacinação infantil contra o rotavírus, com o programa da saúde oral, melhorando significativamente os apoios sociais conferidos pela câmara aos mais desfavorecidos, ampliando o nosso programa de apoio ao arrendamento e reforçando a capacidade de resposta à Habitar. Não há nada mais impressionante na vida de um autarca do que participar na entrega de uma habitação social. Isso muda completamente a vida das pessoas. Acho que é essa capacidade de transformar a vida das pessoas que torna este cargo muito gratificante e que preenche emocionalmente e espiritualmente aqueles que desempenham estas funções públicas.

“A NOSSA AGENDA AMBIENTAL É UM DOS SETORES ONDE ESTAMOS A CRIAR PILARES PARA UM MELHOR FUTURO DA CIDADE”

O seu executivo foi eleito por ter uma “visão de futuro”. O que tem sido feito que é reflexo deste vosso slogan da campanha eleitoral?

A nossa agenda ambiental é, porventura, um dos setores onde estamos a criar pilares para um melhor futuro da cidade. Vivemos numa situação de emergência climática e desde cedo conferimos muita prioridade às questões do ambiente. O que se passa no setor dos resíduos é extraordinário. Estamos a mudar completamente o processo de recolha de resíduos e a valorizar cada vez mais a reciclagem. As pessoas separam cada vez mais resíduos. Demos um passo gigante com a instalação de luminárias led, reduzindo a pegada ecológica e as emissões de carbono da nossa cidade. Estamos a lançar uma política de redução da utilização do automóvel individual na nossa cidade com o TUS gratuito, a recuperar os “Domingos Verdes” e a transformar os nossos eventos em ecoeventos suprimindo o uso de plástico de utilização única. O ambiente é um setor onde as políticas públicas são decisivas para preparar o futuro de uma comunidade. Na educação também estamos a preparar o futuro dotando os nossos equipamentos de melhores condições. Na área da habitação desenhámos uma Estratégia Local de Habitação que visa erradicar em SJM os casos de habitação indigna e isso é de facto muito importante. Para além disso, não há futuro sem investimento na cidade, investimento público e investimento privado, e nos últimos três anos assistimos a um reforço muito significativo do investimento empresarial e comercial, o que cria condições para existir riqueza em SJM e para que SJM continue a ser uma cidade sustentável para as próximas décadas.

“TEMOS INVESTIDO IMENSO NA VALORIZAÇÃO DOS DIVERSOS PONTOS DO TERRITÓRIO”

Com medidas como a iluminação de Natal, os murais, entre outras nos bairros, já se pode considerar SJM uma cidade una e sem periferias?

Nuno Santos Ferreira

Durante a minha campanha eleitoral disse que num território tão pequeno não faria sentido falar-se em centro e em periferias. Para assinalar isso, logo no Natal de 2017 tomámos a iniciativa de pela primeira vez levar iluminações de Natal a Fundo de Vila, a Casaldelo, ao Orreiro, à Devesa Velha e também pela primeira vez a Banda de Música foi atuar a essas zonas da cidade. A banda nunca tinha atuado fora do centro de SJM. Essas medidas obviamente são de caratér simbólico, mas têm muita importância para reforçar a coesão social da nossa comunidade. Temos prosseguido essas medidas e temos investido imenso na valorização dos diversos pontos do território. Por isso fizemos intervenções artísticas no Orreiro, na Cooperativa 11 de Outubro, no Bairro do Poder Local, na Devesa Velha, como forma de cimentar a coesão social entre todos os sanjoanenses, cimentar a noção de tratamento igual entre todos e de valorizar todos os pontos do nosso território.

Como se sente perante as críticas de que não tem dado resposta a todas as questões e a todos os pedidos relacionados com a causa animal?

Sinto-me um pouco surpreendido. Na causa animal creio que a cidade deu passos muito importantes. Logo que tomámos posse construímos oito boxes adicionais no Albergue Municipal de Animais. Mais do que duplicámos a sua capacidade de acolhimento. Isto em primeiro lugar. Em segundo lugar, desenhámos e aprovámos um regulamento de apoio municipal à esterilização para pessoas carenciadas. Está aprovado e em vigor para quem dele quiser beneficiar. Em terceiro lugar, aprovámos, está pronto, o estatuto do Provedor Municipal dos Animais. Em breve iremos indicar uma pessoa para ocupar o cargo. Em quarto lugar, lançámos uma campanha simbólica adotando dois gatos para o Município que vivem no piso dos vereadores e permitimos aos trabalhadores que tenham gabinetes individuais que levem os seus cães ou gatos para os edifícios municipais. Para além disso, no quadro da Associação de Municípios o investimento na causa animal, no bem-estar dos animais, tem crescido todos os anos, na melhoria das condições do canil, na construção de um parque de matilhas, no reforço das políticas de esterilização. Portanto, a nossa atenção e a nossa dedicação à causa animal penso que têm sido importantes, mas compreendo aqueles que querem sempre mais e melhor, compreendo a relação de afeto e de entrega que as pessoas têm com os animais de companhia, que são muito importantes para as pessoas e que são titulares de direitos reconhecidos por lei. Portanto, procuramos dar as respostas que estão ao nosso alcance.

Até ao momento só uma pessoa pediu apoio para esterilização do animal de companhia. Qual será a razão para esta adesão mínima?

Teremos de ver se algo está mal. O regulamento entrou em vigor, foi publicitado pelos jornais, por todos. Iremos divulgar mais e em breve iremos lançar uma campanha de adoção de animais.

Quando será criada a primeira colónia de gatos na Avenida do Brasil?

Esse é um projeto piloto que está a ser trabalhado para ter uma resposta em breve.

“NA CAUSA ANIMAL CREIO QUE A CIDADE DEU PASSOS MUITO IMPORTANTES”

Até ao fim do mandato vamos ter a Casa da Memória no Palacete do Rei da Farinha, uma das principais linhas do vosso programa?

Estamos a fazer trabalho nesse sentido. Não estamos parados. Estamos a trabalhar na recolha das memórias. Já se realizaram aqui iniciativas concretas. Trabalha connosco uma equipa ligada à Universidade Nova de Lisboa que já esteve em SJM a fazer entrevistas a antigos trabalhadores de vários setores industriais, gravando vídeos, recolhendo depoimentos, para que essas memórias da nossa história industrial sejam preservadas. A nossa ideia é criar um Centro de Memórias Industriais em SJM. Esse processo está em curso. A nossa ideia era instalá-lo no Palacete do Rei da Farinha. Neste momento o que estamos a desenhar é encontrar uma solução de financiamento para a reabilitação desse palacete. O palacete por dentro está muitíssimo degradado, a sua reabilitação exigirá um esforço financeiro muito elevado e estamos a trabalhar nesse sentido. Tínhamos dois palacetes municipais inutilizados e degradados. Para um já temos solução ao fim de 30 anos. Estamos a trabalhar ativamente para ter também solução para esse.

“TÍNHAMOS DOIS PALACETES MUNICIPAIS INUTILIZADOS E DEGRADADOS. PARA UM (CONDES) JÁ TEMOS SOLUÇÃO. ESTAMOS A TRABALHAR PARA TER TAMBÉM SOLUÇÃO PARA ESSE (REI DA FARINHA)”

O plano de manutenção dos equipamentos desportivos tem avançado nos últimos três anos. Quando começa a intervenção no Pavilhão das Travessas e a construção dos courts de ténis e de padel?

Contratámos uma equipa de engenheiros e arquitetos para fazer o levantamento das patologias do Pavilhão das Travessas. Estamos a falar do maior pavilhão desportivo do país. Não é um pavilhão, são quatro. Quando falamos no Pavilhão das Travessas temos de pensar em quatro pavilhões e ginásios. Tem lá espaços para formação, salas para prática de outras atividades físicas. É uma infraestrutura gigantesca que fruto da sua idade tem algumas patologias. Tem infiltrações, chove lá dentro, o placar informativo está inutilizado há cerca de 12 anos e não tem eficiência energética. Portanto, é um equipamento que para estar preparado para o futuro, lá está o futuro, precisa de uma reabilitação de fundo. Primeiro foi feito um trabalho de levantamento das patologias e já foi feito um estudo prévio, que a câmara já aprovou, para reabilitação do pavilhão. O nosso objetivo é colocá-lo numa classe energética elevada para que seja um edifício sustentável para o futuro. É um trabalho moroso porque a área de intervenção é muito elevada, mas a primeira fase do trabalho já está concluída e neste momento os técnicos já estão a trabalhar nas espe- cialidades e na arquitetura. Contamos ter esse trabalho concluído logo que possível. Também já temos um plano para construir courts de ténis e de padel também na zona das Travessas.

PAVILHÃO DAS TRAVESSAS: “O NOSSO OBJETIVO É QUE SEJA UM EDIFÍCIO SUSTENTÁVEL PARA O FUTURO”

A construção de uma pista de atletismo também estava no vosso programa. É concretizável neste mandato?

Ainda não temos projeto elaborado. Decidimos alocar os recursos disponíveis para o Pavilhão das Travessas. Conferimos prioridade a esse investimento e para a construção do novo complexo dos courts de ténis e de padel. Fizemos outras intervenções na área do desporto como intervenções de melhoramento nas piscinas exteriores. Também lancei há dias o procedimento para reabilitar a pista para atletismo que está dentro do Pavilhão das Travessas. Agora uma pista de atletismo exterior será muito difícil tê-la concluída no final deste mandato.

Até quando é que a ideia de novas piscinas vai continuar a ser só uma ideia?

Como já disse várias vezes, fui favorável a esse projeto. Lamento que ele não tenha avançado num momento em que havia financiamento comunitário disponível. Lamento isso profundamente. Embora não tenha tido qualquer responsabilidade nesse processo. Entretanto, a construção de novos equipamentos desportivos não tem tido financiamento comunitário disponível. É considerada até uma prioridade negativa ao nível de financiamento comunitário, mas ao longo deste tempo temos vindo a tentar encontrar soluções de financiamento com o Governo. Também estudámos soluções de financiamen- to em regime de parceria público-privada, mas entendemos que isso não seria vantajoso para os interesses do Município. Paralelamente temos vindo a analisar e a estudar com muita atenção o projeto. Já reuni com o arquiteto Souto Moura e estamos a tentar identificar possíveis fontes de financiamento para tomar um decisão final relativamente à oferta pública municipal de piscinas. As piscinas interiores servem diariamente centenas de pessoas: crianças, idosos, alunos das nossas escolas e atletas de competição da ADS e AEJ, clubes que têm muita reputação e importância nessa modalidade desportiva. Temos a noção clara de que este equipamento é uma prioridade e estamos a fazer todos os esforços para anunciar uma solução.

PISTA DE ATLETISMO EXTERIOR: “SERÁ MUITO DIFÍCIL TÊ-LA CONCLUÍDA NO FINAL DESTE MANDATO”

A internacionalização da Sanjotec e da Oliva Creative Factory (OCF) era uma das linhas do vosso programa. Estes são projetos criados por executivos anteriores. O vosso executivo tem explorado todo o seu potencial?

Temos trabalhado nesse sentido. Estamos a fazer esta entrevista na Sanjotec que tem uma elevadíssima taxa de ocupação e de procura e que está permanentemente a ligar-se a projetos novos. Recentemente, a Sanjotec foi selecionada como incubadora da Agência Espacial Europeia. É um momento muito importante para a afirmação da Sanjotec numa área científica e tecnológica de ponta como é a área da investigação espacial. Tenho-me dedicado imenso a tentar estudar e perceber o universo das incubadoras. Tive oportunidade de estudar no quadro da Área Metropolitana do Porto o modelo de incubação holandês. Também logo no início deste ano fizemos um estudo muito aprofundado do modelo de incubação da cidade de Paris, em fevereiro, e tencionávamos aprofundar essa matéria ao longo deste ano, mas a Covid retirou o foco da continuação desse programa porque com a Covid fomos assoberbados com outras prioridades e outras tarefas. A Sanjotec e a OCF são incubadoras altamente reputadas e prestigiadas que contribuem muito para a afirmação da marca territorial de SJM, para a captação de riqueza e para a criação de projetos empresariais novos.

Vai ser feita a requalificação do Vale do Outeiro e do Roupal?

Iremos até ao fim do mandato lançar uma iniciativa pública com vista à reorganização desse espaço. Temos estado a estudar diversas alternativas. Repare que há inúmeros problemas a resolver nessa matéria na cidade. Tínhamos um problema nos antigos terrenos da esquadra da PSP em que tomámos a iniciativa pública de emparcelar os lotes e lançar a concessão para exploração daquele espaço já que os privados não a tomaram por si.

“A SANJOTEC E A OCF SÃO INCUBADORAS ALTAMENTE REPUTADAS E PRESTIGIADAS QUE CONTRIBUEM MUITO PARA A AFIRMAÇÃO DA MARCA TERRITORIAL DE SJM”

Acha que vai cumprir as linhas gerais do programa eleitoral até ao fim do mandato?

Estamos a trabalhar todos os dias nesse sentido. A batalhar com a nossa energia e o nosso empenho para que cada dia que passa a cidade fique melhor. Acho que a cidade está melhor na habitação, no ambiente, na educação, na mobilidade para pessoas com mobilidade reduzida, na cultura. Agora estamos sempre insatisfeitos e desejosos de fazer a cada dia que passa mais e melhor.

Vai ser novamente candidato pelo PS em 2021, para dar continuidade ao trabalho que começou, mas poderá não acabar neste mandato?

Estou muito entusiasmado e muito satisfeito com o trabalho que tenho vindo a desenvolver. Esta é a atividade profissional que desenvolvi até hoje que mais me gratificou e entusiasmou em termos pessoais. Todavia, uma decisão dessa natureza ainda não pode ser comunicada neste momento porque tem que ser objeto de uma ponderação com o meu partido e com as pessoas da minha equipa.

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