“Aguentamos se estivermos a meter dinheiro”, mas “quando se tira e não se põe, ele acaba”, constatou João Paulo Moreira, gerente do Pede Salsa, ao labor
O Pede Salsa tem 34 anos de existência e é um dos bares mais antigos de S. João da Madeira. Em abril de 2021 comemora nove anos sob a gerência de João Paulo Moreira.
“Quando tomei conta deste estabelecimento estávamos numa fase de crise. Consegui dar a volta. Neste momento não há comparação com a crise que passámos na altura”.
No início da pandemia fechou antes de ser obrigatório porque “as pessoas já não estavam a sair de casa”. Esteve dois meses com as portas fechadas e reabriu com limitações no número de pessoas e no horário. “Isto é um café/bar em que os dias fortes de trabalho são ao fim de semana, principalmente as noites de fim de semana, e perdemos isso”, o que levou a “uma quebra muito grande. Arranquei com uma quebra na casa dos 50/60%, mas de repente começa a disparar”, revelou o gerente. A estas limitações acresceram os constrangimentos provocados pelas obras no centro cívico, mais especificamente na Rua Padre Oliveira, onde está situado o Pede Salsa. Portanto, “tudo a ajudar pela negativa”. Por enquanto, “aguentamos se estivermos a meter dinheiro”, mas “quando se tira e não se põe, ele acaba”, constatou João Paulo Moreira.
Em relação às medidas cada vez mais limitadas em termos de número de pessoas e de horários dos estabelecimentos, o gerente sente-se “completamente” injustiçado. “Quase somos os culpados desta pandemia”, lamentou João Paulo Moreira, em nome de todos os que têm negócios na área da restauração e similares, uma vez que o perigo de contágio existe de igual forma em outros espaços e equipamentos.
“CÂMARA TEM POSSIBILIDADE PARA DAR NOVOS APOIOS
SE CONSEGUE GASTAR 70 MIL EUROS EM ILUMINAÇÃO DE NATAL”
O empresário recorreu ao lay-off por parte do Governo, beneficiou da isenção do pagamento das tarifas da fatura de água, durante três meses, por parte da câmara municipal, e continua a estar isento da taxa de esplanada até ao fim do ano. Apesar de ter estes apoios, esperava mais dos governantes a nível nacional e local. O lay-off “não é suficiente porque estive com a porta fechada, faturação zero, mas com despesas” como pagar a segurança social dos trabalhadores e o consumo das máquinas que não podiam ser completamente desligadas. Já as medidas adotadas pela câmara municipal “não chegam”. “Acho que a câmara tem possibilidade para dar novos apoios se consegue gastar 70 mil euros em iluminação de Natal para favorecer o comércio local”, disse João Paulo Moreira, duvidando que este investimento tenha o dito efeito. “Se fosse em tempos normais, sem esta pandemia, se calhar ajudava um bocadinho. Agora com as restrições todas e o medo que as pessoas têm neste momento, acho que não vai ser a iluminação que vai ajudar”, declarou o gerente do bar. “Entendo que a iluminação para uma cidade não é fechada de um mês para o outro, mas num ano atípico medidas atípicas”, considerou João Paulo Moreira, indicando os atos de outras câmaras que converteram o valor gasto com o Natal em apoio ao comércio e aos carenciados.
APOIOS À RESTAURAÇÃO E SIMILARES
SE A COMPARAÇÃO FOSSE FEITA COM O ANO ANTERIOR, “ASSIM SERIA JUSTO”
Em relação à linha de apoio ao setor da restauração e similares previsto para esta se- gunda fase, a Autoridade Tributária irá apurar uma média da receita das empresas nos 44 ns de semana desde o início até ao nal de outu- bro deste ano. Desde ontem, 25 de novembro, os empresários terão de comunicar no portal 2020, sob compromisso de honra, qual a receita realizada nos dois ns de semana do con na- mento. Receita essa que será comparada com a média anterior para calcular a perda. Da total quebra de faturação que daí resulte o Governo assegurará uma compensação de 20%. Se a comparação fosse feita com os meses do ano anterior, “assim seria justo”, frisou João Paulo Moreira ao labor.