Os restaurantes são dos negócios mais atingidos pela pandemia da Covid-19. Há nove meses que o setor da restauração está a ser fortemente afetado por este novo coronavírus e, ao que parece, as medidas sanitárias estão para durar.
A AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal vê como “positivo” o facto de o Governo ter anunciado recentemente um alívio para a restauração no Natal e na Passagem de Ano. Mas os empresários do setor esperam ainda conseguir outros apoios do executivo de António Costa.
Para muitos, o anúncio do primeiro-ministro no sentido de alargar o horário de funcionamento dos restaurantes, tanto no Natal como na passagem de ano, até à 1h00 é de louvar. Já para outros esta é uma quadra festiva totalmente perdida. Sem os tradicionais jantares de Natal de empresas, instituições, amigos e familiares, este ano, o setor teve que se reinventar.
O labor foi ao encontro de alguns restaurantes de S. João da Madeira para ver de que forma estão a dar a volta a esta crise pandémica que se vive.
RESTAURANTE MUTAMBA AGORA COM SERVIÇO PRÓPRIO DE ENTREGA AO DOMICÍLIO
Sendo um dos restaurantes mais antigos e, sem dúvida, o mais emblemático da cidade de S. João da Madeira, o Mutamba teve que se readaptar à nova realidade. No cumprimento das novas regras sanitárias segundo Daniel Sebastião, responsável do Mutamba, o espaço reduziu a capacidade da sala de jantar em 50%, encerrou temporariamente a zona de snack-bar e adotou todas as medidas de higiene recomendadas pela Direção-Geral da Saúde.
Ainda na opinião de Daniel Sebastião, o ano de 2020, que agora termina, foi sem dúvida o mais difícil e desafiante que tem memória. “As quebras na faturação são mais do que evidentes” disse ao labor, acrescentando, de seguida, que “o conceito de take-away passou a ser uma normalidade e não uma exceção. O delivery (entrega ao domicílio) é uma inovação neste espaço, que optou por ter um serviço próprio em vez da utilização das redes convencionais de entrega em casa”.
Quanto à ementa, o Mutamba tem como especialidade a cozinha tradicional portuguesa, de onde se destacam o bacalhau com broa, a vitela e o cabrito assados, o cozido à portuguesa e os não menos famosos rojões à Mutamba sempre acompanhados das saborosas papas de sarabulho.
Entretanto, e “agora que lhe abrimos o apetite, não esqueça de experimentar as sobremesas sempre confecionadas pelas maravilhosas mãos da Chef Maria Manuela”, concluiu o responsável.
RESTAURANTE A HARPA ABERTO NA NOITE DE PASSAGEM DE ANO
“Aqui iremos trabalhar até ao almoço do dia 24, véspera de Natal. Fechamos no dia 25 e abriremos no dia 26. Com algumas mesas já reservadas, somos, talvez, o único restaurante a abrir na noite de ‘réveillon’ e funcionaremos até à 1h00, como a lei nos permite. Não haverá animação e as mesas, devidamente afastadas, têm no máximo cinco pessoas”, disse o Chef Manuel Paula responsável máximo do restaurante A Harpa, acrescentando ainda que, no dia seguinte, 1 de janeiro, o restaurante funcionará apenas com o serviço de almoço.
Nesta quadra festiva, o A Harpa também apresenta uma ementa especial. De acordo com o Chef Manuel Paula , o peru assado é o prato mais solicitado à mesa, take-away ou para entregas ao domicílio, mas a vitela à Harpa, o cabrito assado com arroz no forno e o bacalhau, confecionado de várias maneiras, são também propostas muito solicitadas pelos clientes.
No que diz respeito à passagem de ano, os clientes terão uma ementa específica para a celebração do novo ano, que engloba, para além das entradas, um prato de carne e outro de peixe, bem como sobremesas de “fazer crescer água na boca”, como o pudim à Abade de Priscos, rabanadas, leite-creme, aletria e tarte de laranja.
Sobre a pandemia que assolou o mundo, o responsável do restaurante lamenta as perdas que o setor de restauração tem vindo a acumular, considerando 2020 como “um ano perdido”.
Ainda a propósito deste ano atípico, o Chef Manuel Paula sublinhou: “Este ano não vai ser como manda a tradição. Sem almoços ou jantares de Natal, ‘réveillon’ com animação a par do encerramento que o setor da restauração sofreu ao longo de vários meses não lembra a memória”.
RESTAURANTE FÉNIX ABERTO NOS DIAS 24 E 31 ATÉ À HORA DE ALMOÇO
De restaurante em restaurante, as queixas e lamentações são as mesmas.
No Fénix, o Chef António Santos, responsável por este espaço situado no antigo quartel dos Bombeiros Voluntários de S. João da Madeira, não fugiu à regra. Aliás, o também empresário da restauração não encontrou formas de classificar este péssimo ano tanto no seu setor como em todas as áreas da sociedade. António Santos referiu-se mesmo a 2020 como “uma travessia no deserto”.
Ao labor, adiantou que o Fénix, nesta quadra festiva, funcionará até ao dia 24, véspera de Natal, fechando logo após o almoço, horário que manterá também no dia 31 de dezembro. Ou seja, tanto no dia de Natal como na noite de passagem de ano e no dia 1 de janeiro o estabelecimento não abrirá as suas portas.
De qualquer modo, nos outros dias, manterá uma oferta gastronómica de excelência. “Temos uma ementa sublime para os nossos clientes, onde, para além dos pratos sugeridos habitualmente na nossa carta, temos ainda tabuleiros de marisco fresco com sabor muito especial”, afirmou António Santos.
Para além disso, como tem vindo a ser hábito nesta pandemia, “como muitos dos nossos clientes preferem ficar em casa, solicitando a nossa gastronomia, fazemos o serviço de take-away e de entrega ao domicílio. Nestes casos, a nossa garrafeira é também solicitada”.