A minha coluna

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À MEMÓRIA DE QUEM ME ENSINOU A LER, ESCREVER E CONTAR

Em julho falámos pela última vez. Num texto de homenagem e despedida ao dr Maurício Fernandes referenciei-a como uma das “minhas professoras”. Dias depois ligou-me. Queria agradecer-me o que então sobre ela tinha escrito. Que era a ela que devia as bases fundamentais do que – e como – sei ler, escrever e contar. Mas a verdade não se agradece. Como eu serão hoje ainda várias centenas os que dela dizem o mesmo. Como tantos antes de nós o disseram da sua mãe, a professora Alzira, que ajudou o meu Pai, já adulto, a “fazer a 4* classe fora de horas” para tirar a carta de condução que viria a ser o seu instrumento de trabalho para a vida toda. Como marcou também muitas gerações. A minha sogra não tinha palavras para descrever o quanto a professora Alzira a tinha marcado. Como tantos outros professores da primária a Manuela Ribas fazia questão de manter a ligação possível com os que lhe tinham passado pela sala na “escola dos bombeiros”. Mas a professora Manuela Ribas era assim. Achava que tinha de agradecer aquilo que era seu de direito. O mérito de a muitos milhares de sanjoanenses ter ensinado o que de melhor uma escola primária da época podia oferecer. Desde o carinho aos castigos, se bem que à luz das teorias de hoje alguns sejam antipedagógicos… Mas a verdade é que saíamos da escola a saber escrever, ler e contar. Daí para a frente cada um fez o que a vida proporcionava a cada momento.

No tal telefonema que me fez, a partir do Lar da Misericórdia onde estava, combinamos uma tarde de conversa logo que a situação o permitisse. Foi a nossa conversa de despedida. Ligada à minha Família por muito mais laços do que os que se possam criar com uma professora primária – e por muitos que sejam – a professora Manuela Ribas deixou-nos, e a mim sem a possibilidade de ter com ela a tal tarde de conversa. Fica uma memória rica e bonita de se reviver, recordar, contar e talvez escrever. Ela deu-me as ferramentas para o fazer. Vamos a ver se, um dia, disso serei capaz. E desta vez não há Balha-me Deus!

Desta vez só aDeus!

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