Não tem cor este Natal. É um Natal branco. Dentro das caixas, ficaram tristemente esquecidas e abandonadas as bolas coloridas e as fitas de enfeitar, recolhidas no sonho adormecido. Saíram as brancas. Não têm cor, mas a brancura amansa a dor. Anjos brancos, bonecos de neve em todos os cantos. O presépio, também ele é branco, a cabana de vidro e a estrela de porcelana. Para bem longe, levou o tempo o verde e vermelho do azevinho e do pinheirinho, o cheiro a musgo e a resina, a saudosa inocência de menina.
É branco este Natal. Lentamente se vai apagando a chama da tradição, e até o fumo branco da lareira se esfuma, perdendo-se no ar em busca de outra fogueira. No céu brilham a mesma lua e as mesmas estrelas. Mas há sempre uma estrela cadente que traz na ponta um desejo ausente, o sonho e a ilusão de uma canção de Natal. Outros a hão-de cantar, enquanto houver meninos com vontade de sonhar.