Até à data de ontem, dia de fecho da edição, o Governo mantinha a decisão das
creches, escolas e universidades continuarem em pleno funcionamento.
De todas as medidas do novo confinamento esta é a que mais tem dividido a comunidade
científica e a comunidade educativa. Na área da educação e formação, o Governo decidiu
fechar escolas de línguas, escolas de condução e centros de explicações. Apesar do fecho dos ATL´s estar previsto numa fase inicial, o Governo recuou e decidiu fechar apenas aqueles cujos alunos têm mais de 12 anos.
Apesar de concordar com a abertura das escolas, Anabela Brandão considera que “a sociedade não tinha nada a perder se os alunos do 10º ao 12º ano tivessem ficado em ensino à distância nos próximos 15 dias” uma vez que esta “seria uma forma de reduzir muito as interações na comunidade”. “O problema não está dentro das escolas, o problema está na circulação fora das escolas”, considerou a diretora do Agrupamento de Escolas (AE) Dr. Serafim Leite ao labor.
Neste novo confinamento “pensámos que o secundário ia ficar em casa”. Agora, “mais
do que em março, as escolas estão preparadas para o ensino à distância”, considerou Mário
Coelho. “O problema não é das escolas” porque “temos todas as condições de higiene
e segurança”. “Atendendo ao Estado de Emergência, o que não me parece bem é ver
tanta gente nas ruas”, constatou o diretor do AE Oliveira Júnior.
“A escola é um lugar seguro, mas também é um lugar onde convivem centenas de pessoas de proveniências diversas”
“Vejo com grande preocupação o facto de o encerramento das escolas estar a ser protelado. Não sou um especialista na área, mas as evidências científicas que têm vindo
a público apontam todas para a necessidade de os alunos a partir dos 12 anos passarem,
durante algum tempo, a ter aulas à distância.
A escola é um lugar seguro, sim, mas também é um lugar onde convivem, quotidianamente, centenas de pessoas de proveniências diversas”, afirmou António Mota Garcia, alertando para os constrangimentos do ensino à distância que precisam de ser melhorados. “A conexão à internet, que antes já era problemática, tem vindo a manifestar-se ainda mais frágil, nomeadamente quando temos várias salas de aula, em simultâneo, a aceder (no nosso caso via plataforma TEAMS)”, revelou o diretor do AE João da Silva Correia.
“Mais responsabilidade de todos” é o que é pedido e o que deve ser cumprido, destacou
Joaquim Valente, diretor Centro de Educação Integral, ao labor.
“Ensino à distância provou ser menos eficaz que o presencial”
A Federação Concelhia de Associações de Pais de S. João da Madeira (FECAP) defende
que “as escolas devem permanecer abertas desde que salvaguardadas e reforçadas todas
as medidas de proteção dos vários atores de educação, em especial das crianças e dos jovens”.
“É nossa opinião que nas escolas se tem desenvolvido um bom trabalho de prevenção e as medidas implementadas pelos agrupamentos têm sido eficazes. Os estudos efetuados às crianças e aos jovens depois do confinamento de março demonstram que o ensino à distância provou ser menos eficaz que o presencial e que os prejuízos provocados à aprendizagem seriam alavancados por um novo encerramento das escolas”, afirmou o seu presidente Ricardo Mota ao nosso jornal.
Coligação insiste na realização de testes nas escolas
A coligação PSD/CDS-PP voltou a manifestar a sua intenção de realizar testes nas
escolas sanjoanenses durante a última reunião de câmara, realizada esta terça-feira à
tarde, por videoconferência.
“No que diz respeito às escolas, agora que vai acabar o primeiro semestre, devia ser ponderada a hipótese de fazer testes antes de iniciar o segundo semestre”, sugeriu o vereador Paulo Cavaleiro, dando como exemplo o que aconteceu em Ponte da Barca. A câmara municipal decidiu realizar testes aos alunos e detetou vários casos de infeção que não estavam identificados. Para já, o Governo decidiu apenas fazer testes rápidos Covid-19 nas escolas com o ensino secundário dos concelhos em risco de contágio extremamente elevado.
O processo começou ontem. Por enquanto. S. João da Madeira permanece como concelho de risco muito elevado.