PS fala num “grande salto civilizacional”; CDU pouco entusiasmada com o currículo da candidata
À semelhança do que aconteceu em reunião de câmara, a eleição de Ângela Quaresma para Provedora Municipal dos Animais de S. João da Madeira pela Assembleia Municipal (AM), foi feita por votação secreta. A candidata – proposta pela veterinária municipal Vera Marques depois de ouvida a Ani São-João e da concordância do líder da autarquia – foi eleita com 17 votos a favor, quatro abstenções e um voto contra.
Nesta sessão extraordinária da AM realizada por videoconferência, Jorge Sequeira referiu-se a Ângela Quaresma como sendo uma cidadã “idónea, com muita experiência na intervenção/causa animal”. E ainda antes de apelar ao voto, o autarca disse tratar-se, “de facto, de uma pessoa de grande sensibilidade e quem tem o perfil adequado para este cargo” não remunerado que desempenhará durante quatro anos (ver caixa).
Em seu entender, “os poderes públicos têm de responder aos sinais dos tempos”, “à evolução do pensamento e ao sentido também da legislação da República que cada vez mais valoriza a proteção dos animais”. E, portanto, “em sintonia com todo este novo paradigma, acho muito importante que o nosso Município crie este cargo que nos irá auxiliar a todos na relação com os cidadãos ligados à causa animal e que irá também promover ações de sensibilização e promoção da defesa dos animais”, defendeu Jorge Sequeira.
Para a CDU, Provedora devia ter formação jurídica e ecológica
Mas nem por isso convenceu o seu homónimo da CDU – Coligação Democrática Unitária. Jorge Cortez mostrou-se pouco entusiasmado com o currículo da candidata.
Na sua opinião, Ângela Quaresma devia ter “alguma formação jurídica”. E também “alguma formação ecológica”, porque “a interpretação da vida animal e da causa animal, no seu conjunto, não pode ser desligada da ecologia, do equilíbrio, dos animais e da natureza”. Isto, para não se privilegiar alguns animais em detrimento de todos os outros.
PS enaltece “políticas públicas municipais centradas no bem-estar animal”
Leonardo Martins também pediu a palavra para, em nome da bancada do PS, enaltecer o trabalho que este executivo tem vindo a desenvolver em prol da causa animal.
De acordo com o deputado municipal socialista, “S. João da Madeira deu um grande salto civilizacional pela forma como trata os animais, com especial enfoque nos últimos três anos”.
A própria designação de Ângela Quaresma para Provedora Municipal dos Animais é, como salientou, “um culminar da adoção de um vasto leque de políticas públicas municipais centradas no bem-estar animal” que vêm sendo implementadas. Além desta, a adoção dos gatos Sanjo e Oliva pela câmara e a criação de um regulamento para apoiar a esterilização de animais de famílias carenciadas são outros exemplos de “compromissos políticos que o PS assumiu e que está a cumprir” nesta área.
Ângela Quaresma, casada, é natural de São Paulo, Brasil, mas vive em S. João da Madeira há 35 anos. Tem o 12º ano completo e frequenta a licenciatura em Ciências Sociais na variante de psicologia social. A sua dedicação à causa animal tem largos anos. Pertenceu à Associação Animal durante 15 anos e integrou a sua direção. Tem um bom relacionamento com câmaras
e veterinários municipais, Canil Intermunicipal, assim como com clínicas e hospitais veterinários.
2.500 euros anuais para despesas inerentes ao cargo
Paulo Barreira, da coligação PSD/CDS-PP, perguntou ao presidente da câmara se existia “uma transferência programada da parte do Governo” para a autarquia “para esta ação específica” Jorge Sequeira disse desconhecer “qualquer fonte de financiamento”.
Ainda segundo o autarca, este cargo será desempenhado durante quatro anos, sem qualquer tipo de remuneração.
Mas Ângela Quaresma terá acesso a uma rubrica de 2.500 euros, inscrita no Orçamento Municipal, para desenvolver a sua atividade.
Ainda a propósito, note-se que toda a despesa efetuada no desempenho das suas funções está dependente de aprovação prévia por parte do edil.