As versões digitais 3D dos edifícios do Museu da Chapelaria e do Museu do Calçado foram apresentadas no início desta semana, dia 1 de fevereiro, por videoconferência à comunicação social.
A câmara municipal lançou plataformas digitais interativas que permitem a realização de visitas virtuais aos dois museus do concelho de S. João da Madeira.
O acesso é gratuito e já está disponível para todos os interessados através de dispositivos com acesso à internet (smartphones, tablets e computadores) nos sites de cada um destes espaços museológicos, onde basta clicar em “Visitar o Museu” e escolher a opção “Visita Virtual” (http://www.museudachapelaria.pt/ pt/visita-virtual e http://www.museudo- calcado.pt/pt/visita-virtual).
Para já os conteúdos apenas estão em Português, mas brevemente vão estar também em Inglês para chegarem ao maior número de pessoas possível.
A visita virtual ao Museu da Chapelaria pode ser feita acompanhada de sons característicos da indústria chapeleira. As informações sobre os dois museus vão ser atualizadas ao longo do tempo.
Este é um projeto que ia avançar com ou sem pandemia, mas neste momento é uma ferramenta importante para ajudar a combater os danos colaterais provocados pelas decisões de combate à propagação da mesma como o encerramento dos museus ou a limitação do número de visitantes. Parte do trabalho foi desenvolvido por pessoal da câmara municipal e a restante por uma empresa que foi responsável por um projeto semelhante feito para o Museu dos Coches. Para além do custo associado ao trabalho interno desenvolvido pela câmara municipal, 2.500 euros foram pagos à empresa contratada, aos quais acrescerá o trabalho de manutenção das plataformas online.
Nos “tempos de hoje” as visitas virtuais têm “uma importância indiscutível” porque permitem que os museus da Chapelaria e do Calçado possam ser “vistos a partir
de qualquer parte do mundo”, afirmou o presidente da câmara, Jorge Sequeira, constatando que estas medidas estão inseridas na “revolução digital” que tem sido
levada a cabo pelo seu executivo desde que assumiu os destinos do concelho em novembro de 2017.
O projeto é fruto de “uma necessidade que se vinha a sentir há bastante tempo e que se acentuou com a pandemia”, revelou Joana Galhano, diretora dos museus, para quem a criação das visitas virtuais é “cada vez mais essencial”. Contudo, “a visita virtual de
modo algum substitui a presencial”. Acaba por ser “um complemento”, considerou Joana Galhano.
Um complemento muito importante não só numa altura em que os museus estão fechados,
mas também e principalmente para quem não tem a possibilidade de se deslocar a S. João da Madeira.
As visitas virtuais não vão ser alargadas ao Centro de Arte Oliva, afirmou Jorge Sequeira, depois de questionado pelo labor, justificando a decisão com o facto deste espaço dedicado à Arte Contemporânea e à Arte Bruta já ter muita informação nos formatos
de fotografia e vídeo no seu site.
Visitas com quebras entre os 66 e os 80%
Com a chegada da pandemia em março de 2020, a maior parte de nós começou a ter medo de continuar a visitar muitos sítios aos quais ia com alguma regularidade, como por exemplo os museus. Pouco tempo depois deixámos de ter a escolha de ir aos museus porque fecharam para combater a pandemia. Mais tarde reabriram com regras de higiene e segurança, com limitação no número de visitantes e com a redução de horário.
No início deste novo ano, o agravamento do número de infeções e de mortes com Covid-19 levaram a um novo encerramento dos museus.
Vejamos qual o impacto da pandemia no número de visitantes ao longo do ano passado em comparação com o anterior. O Museu da Chapelaria recebeu 19 mil visitantes em 2019 e 3.924 visitantes em 2020. Já o Museu do Calçado registou 10 mil visitantes em 2019 e 3.393 visitantes em 2020. O que no primeiro caso representa uma quebra de cerca de 80% e no segundo de cerca de 66%.

“Sem cultura e sem história estamos condenados ao abismo”,
Jorge Sequeira, presidente da câmara
sanjoanense

“Os museus têm um papel essencial na educação e na transmissão de conhecimento”,
Joana Galhano, diretora dos museus da Chapelaria e do Calçado