Ângela Quaresma tomou posse na passada sexta-feira
As primeiras “solicitações” de pessoas preocupadas com animais errantes, sobretudo com matilhas e cães abandonados na rua, chegaram ainda Ângela Quaresma não tinha tomado posse.
Depois da sua designação ter sido aprovada pela maioria dos deputados da Assembleia Municipal (AM) a 28 de janeiro, a primeira Provedora Municipal dos Animais de S. João da Madeira foi empossada esta última sexta-feira, numa cerimónia realizada por videoconferência. Mas já trazia consigo algumas preocupações que partilhou com os presidentes da Assembleia Municipal (AM) e da autarquia, respetivamente, Clara Reis e Jorge Sequeira, que tal como ela estiveram presentes no Salão Nobre da câmara. Os restantes convidados para este ato, ente os quais membros dos órgãos executivo e deliberativo, a veterinária municipal e a líder diretiva da Ani São-João, participaram à distância.
A missão de Ângela Quaresma é a de “garantir a defesa, a proteção e o bem-estar animal, bem como promover, zelar e monitorar a prossecução dos seus interesses e direitos”.
Para desempenhar este seu cargo que só foi criado no atual mandato autárquico, conta com 2.500 euros anuais, inscritos no Orçamento Municipal, para despesas, que estarão sempre dependentes de aprovação prévia por parte do edil. Para além deste valor, o Município “dará todo o apoio logístico e necessário”. Por exemplo, “sempre que a Provedora necessitar de ter uma reunião com alguém poderá usar instalações municipais”, disse Jorge Sequeira.
A Provedora dos Animais “não tem um posto de trabalho fixo, porque grande parte do trabalho será feito no terreno e os contactos serão por email e por telefone”, prosseguiu o autarca. E por falar em contactos, [email protected] é o email que as pessoas devem utilizar sempre que quiserem colocar perguntas, fazer pedidos de ajuda, queixas, etc..
A defensora dos animais não põe de fora a hipótese de criar uma página do Facebook para o efeito nem de fazer uso de outras redes sociais. Mas “isso são pequenas coisas que vamos ajustando com o tempo”.
Para já, todo o trabalho que tem feito tem divulgado na sua página pessoal do Facebook (Angela Quaresma Júlio Silva) e “tem corrido muito bem”, como referiu em exclusivo ao labor, após a sua tomada de posse.
“Não podemos pensar que é a câmara que tem de resolver tudo”
Em seu entender, a causa animal deve ser abraçada por todos, sem exceção. “Os animais não têm fronteiras (…). É um problema de todos e tem de passar por todos”, defendeu a Provedora dos Animais, segundo a qual “não podemos pensar que é a câmara que tem de resolver tudo”.
Da sua parte, como referiu, haverá sempre uma palavra. “Não quer dizer que vá ter como albergar aquele animal naquele momento, mas uma resposta e, às vezes, uma resposta carinhosa, sensível, já é suficiente para a pessoa”.
Apesar de se assumir como apenas “mais uma gotinha no oceano”, Ângela Quaresma mostrou-se empenhada em dar o seu melhor, apelando ao envolvimento de todos: “Este caminho só se faz, se estivermos todos juntos por esta causa”.
Designação de Ângela Quaresma caraterizada por “um grande consenso político-partidário”
O empossamento da Provedora dos Animais é o culminar de um processo que se iniciou com a aprovação do respetivo regulamento e que se caracterizou por “um grande consenso político-partidário”, como sublinhou o chefe máximo da autarquia, salientando as votações por voto secreto do nome de Ângela Quaresma em reunião de câmara e, posteriormente, na AM. Aliás, na sua ótica, “isto diz muito do seu mérito, do seu perfil e das condições que oferece à cidade para exercer este cargo”.
Considerando que “a sensibilidade das pessoas para a condição animal mudou radicalmente”, Jorge Sequeira afirmou que o Município “tem acompanhado essa evolução”, desenvolvendo, nos últimos anos, “um conjunto de iniciativas nessa área”.
Entre as várias medidas tomadas por este executivo em prol da causa animal, incluem-se o apoio à esterilização de cães e gatos para pessoas carenciadas, a adoção de gatos que vivem no edifício da câmara, a autorização para que funcionários levem animais para os seus gabinetes, a ampliação do Albergue Municipal para Animais Errantes e a instalação do primeiro espaço para acolhimento de uma colónia de gatos.
“Este é o caminho correto”, sublinhou o autarca, acrescentando: “É um caminho que dá representação às aspirações e aos anseios de milhares de cidadãos e que adequa o perfil do nosso Município às exigências da legislação nesta matéria e às exigências que a civilização hoje nos coloca”.
Também Clara Reis interveio nesta breve sessão, disponibilizando-se “para colaborar em tudo aquilo que venha a ser necessário e para fazer a ligação entre a Provedoria e os munícipes a todo o momento”. Na opinião da presidente da AM, a atenção dos sanjoanenses em relação aos animais “justifica em absoluto” a criação deste lugar.
Aliás, como foi explicado na ocasião, a Provedora dos Animais vai intermediar a relação entre o executivo e os cidadãos no que concerne à causa animal.
Ângela Quaresma, casada, é natural de São Paulo (Brasil), mas vive em S. João da Madeira há 35 anos. Tem o 12º ano completo e frequenta a licenciatura em Ciências Sociais na variante de psicologia social.
A sua dedicação à causa animal tem largos anos. Pertenceu à Associação Animal durante 15 anos e integrou a sua direção. Tem um bom relacionamento com câmaras e veterinários municipais, Canil Intermunicipal, assim como com clínicas e hospitais veterinários.