No passado dia 2, em reunião de Câmara, o Senhor Presidente da Câmara Municipal acusou-me, de forma indireta, de ter feito “política da Idade Média” com a questão do Campus Universitário em Oliveira de Azeméis, na última sessão de Assembleia Municipal.
Nessa sessão disse não compreender o facto de não ter existido, da parte do executivo socialista, capacidade para garantir que este fosse, pelo menos, um projeto intermunicipal, complementar entre os dois municípios, tendo em conta que estavam reunidos um conjunto de fatores – entre os quais, a relação estreita entre o Município e a Universidade de Aveiro, em virtude de esta ser sócia fundadora da Sanjotec e da pessoa que gere o Polo Norte da UA ser a mesma que está no Conselho de Administração da Sanjotec – que podiam ter contribuído para que esta fosse também uma realidade no nosso concelho.
Rapidamente o Partido Socialista procurou desvalorizar a questão. Os argumentos que apresentam para rebater a nossa posição sobre o assunto são o de defender que este é um projeto intermunicipal, bem como acusar o executivo de então, liderado pelo Dr. Castro Almeida, de ter falhado na captação do Polo Norte da Universidade de Aveiro, ao considerarem que o cerne da questão remonta ao ano de 2004.
Ora, quanto à intermunicipalidade – ou não – do projeto, impõem-se algumas questões, levantadas já em Assembleia Municipal, mas para as quais não obtive resposta concreta. Importa, então, clarificar o seguinte: dos 50 milhões de euros que se estima que o investimento custe, quantos serão investidos em São João da Madeira? Estando prevista a construção de uma Fábrica do Futuro, qual a razão da mesma não ser implementada no nosso município? Estando prevista, igualmente, a construção de um espaço de incubadoras start-up e grow-up, estilo Sanjotec, qual é o sentido de termos uma infraestrutura concorrente no município de Oliveira de Azeméis, que provém de uma entidade parceira e sócia fundadora da Sanjotec? No fundo, o que ganha, a afnal, o nosso município com este projeto “intermunicipal”?
Quanto ao segundo argumento, o Partido Socialista tenta imputar ao executivo do PSD a responsabilidade de não ter garantido a implantação do Polo Norte da Universidade de Aveiro em São João da Madeira, afirmando que a decisão da construção do mesmo em Oliveira de Azeméis foi tomada apenas no ano de 2004. No entanto, o tempo não apaga a história e é amigo da verdade. Numa peça jornalística do Jornal `O Regional ́, de 23 de fevereiro de 2002 e intitulada “Localização da futura Escola Superior Politécnica desagrada a São João da Madeira”, o Dr. Castro Almeida mostrava-se satisfeito com o avançar do processo, mas desagradado com a localização da escola, em virtude de terem existido “algumas de ciências na candidatura de São João da Madeira”, uma vez que o anterior executivo teria imposto o pagamento de uma renda pela ocupação do terreno que iria receber o politécnico.
Efetivamente, na altura, não foi uma notícia positiva para nós enquanto Concelho, porque era uma ambição da cidade podermos contar com um polo universitário ou com uma instituição de Ensino Superior, que é – e creio que ninguém tem dúvidas disso – um investimento estratégico importante para a própria dinâmica da cidade, mas que constitui também um instrumento importante de fixação de jovens na nossa cidade. Mas tentar responsabilizar o executivo do PSD por essa perda é de uma falta de seriedade enorme. E na política não vale tudo, nem pode valer tudo!
Se tal posição demonstra, por um lado, um absoluto desespero na tentativa de descredibilizar o trabalho da oposição e do Dr. Castro Almeida – por pura tática política –, demonstra igualmente um profundo desconhecimento deste assunto e dos seus contornos, por parte do Senhor Presidente, que o levaram a proferir declarações erradas. E é particularmente grave, uma vez que o atual Presidente exercia, na altura, funções de Deputado Municipal e devia lembrar-se de um assunto que marcou a agenda política de então.
Lamento que, mais uma vez, o futuro nos tenha passado ao lado. Mas lamento ainda mais que esta seja a Visão de Futuro do executivo socialista e que o Senhor Presidente considere que pugnar pelo desenvolvimento e pela instalação do ensino superior em São João da Madeira seja fazer “política da Idade Média”.
Na verdade – e creio que é ponto assente –, ficam bem patentes as motivações do Senhor Presidente. Ao contrário daquela que é a nossa preocupação, o foco de momento do Senhor Presidente é o da tática política. São opções, que lamento profundamente!