“Era importante que os comerciantes tivessem uma plataforma robusta que fizesse frente às dos grandes operadores comerciais”, salientou o presidente Jorge Sequeira
Se o comércio online era visto como importante antes da pandemia, tornou-se essencial para ajudar os comerciantes a combater as consequências económicas provocadas pela mesma no último ano.
A adesão à aplicação Comércio Local CTT, onde estão concentrados produtos e estabelecimentos comerciais tradicionais de todo o país, foi a resposta encontrada pela Associação Comercial e Industrial (ACI) de S. João da Madeira para dar resposta a dois desafios. Incentivar os comerciantes mais resistentes às novas tecnologias a aderirem ao comércio online como complemento ao espaço físico e, ao mesmo tempo, dar-lhes uma ferramenta para continuar a vender os seus produtos e, desta forma, combater as consequências provocadas pela pandemia como o encerramento ao público.
A ACI conta com o Município de S. João da Madeira e os CTT como parceiros neste projeto de apoio ao comércio de rua que foi apresentado sexta-feira passada por videoconferência. Desde esse dia, 5 de março, que os produtos sanjoanenses já podem ser comprados na aplicação Comércio Local CTT.
Este é “um momento importante para o comércio local de S. João da Madeira” em que foi dado “um passo para a sua modernização e adaptação às exigências e tendências do mercado atual” em que o “comércio online é o futuro”. Se “já o era antes da pandemia” com “o mercado a transferir-se em grande medida para este tipo de plataformas”, “a questão ganhou um nova saliência com a crise da Covid-19 devido ao encerramento de estabelecimentos e às limitações de venda ao público no interior dos estabelecimentos”, afirmou Jorge Sequeira. O presidente da câmara salientou que “uma cidade não existe sem comércio”, razão pela qual “era importante que os comerciantes se unissem entre si e tivessem uma plataforma robusta e forte que fizesse frente às grandes plataformas online dos grandes operadores comerciais”.
“S. João da Madeira é o Município que em menos tempo conseguiu agregar o maior número de aderentes”
Por sua vez, Paulo Barreira relembrou que a ACI apresentou esta proposta à câmara municipal com “o intuito de ajudar o comércio local a amenizar as graves consequências económicas que esta pandemia está a impor principalmente ao nosso tecido comercial”, agradecendo ao presidente por demonstrar “abertura e preocupação” em encontrar “uma solução para apoiar de forma equilibrada” os comerciantes. Relembramos que a câmara atribuiu à associação um subsídio no valor de 21 mil euros para levar a cabo todo o processo de aquisição, promoção e gestão do serviço, na sequência de uma proposta da coligação PSD/CDS-PP discutida em sede de executivo municipal e de um conjunto de sugestões apresentadas pela ACI.
Para o presidente da associação a aplicação Comércio Local CTT é “um serviço diferenciador e ajustado à realidade” que está a permitir “quebrar alguma resistência dos comerciantes tradicionais em aderir ao e-commerce”. Apesar do comércio online ser uma ferramenta vital, “o digital não substitui o espaço físico, complementa”, esclareceu Paulo Barreira, enaltecedendo aquele que é um dos grandes trunfos do comércio de rua que é “a proximidade ao cliente”. Agora com comércios com espaço físico e agora também digital, “temos as condições necessárias para termos uma aplicação de sucesso”, considerou o presidente da ACI. Até ao fecho da edição já tinham aderido 31 estabelecimentos sanjoanenses à aplicação Comércio Local CTT e já tinham sido efetuadas duas vendas. “S. João da Madeira é o Município que em menos tempo conseguiu agregar o maior número de aderentes”, revelou Paulo Barreira ao labor, demonstrando estar “satisfeito” com os números atingidos porque demonstram que os comerciantes estão mais preocupados em aderir do que em resistir a um “modo alternativo de venda” que será extremamente útil durante o confinamento e que continuará a ser um complemento depois do desconfinamento .
Entregas gratuitas até ao fim do confinamento
Os CTT celebraram 500 anos em 2020. Um ano marcado pela pandemia que levou a empresa a apostar na inovação e reinvenção. “A nossa primeira preocupação foi manter a segurança dos trabalhadores e perceber como é que os CTT podiam trabalhar para manter a economia operacional”, explicou o administrador executivo João Sousa. No conjunto de soluções encontradas estão a aplicação Comércio Local CTT, Feiras e Showrrom´s digitais, Lojas Online e Soluções de Publicidade.
“Os CTT querem liderar a digitalização do país”, mas não só. “Temos a ambição de abrir isto ao mercado internacional”, revelou João Sousa, indicando que “os CTT devem ter sido das empresas que mais ativa esteve com oferta da digitalização” que é “a alavanca para passar a crise da pandemia”.
Até ao dia 5 de março 15 Municípios e mais de 200 comerciantes já tinham aderido à aplicação Comércio Local CTT cujo objetivo é chegar a todo o país.
Os CTT encontraram ainda outra forma de apoiar o comércio e o consumidor através da oferta das entregas até ao fim do confinamento, adiantou o administrador executivo.
“Simplicidade” foi a palavra de ordem durante o processo de criação desta aplicação dirigida aos comerciantes e aos consumidores de produtos do comércio local. Após descarregar a aplicação, o consumidor cria a sua conta e associa os dados de pagamento. Seleciona a loja, os produtos, o método de entrega e efetua o pagamento. O pedido é validado pelo comerciante mediante a disponibilidade e a data de entrega. Após a validação, o pagamento é processado na app e a encomenda está pronta a ser entregue em casa ou para recolher na loja. “Criámos um ecossistema de sucesso”, considerou o diretor de produto Mário Vitorino Sousa, adiantando estar em curso uma campanha de publicidade do serviço prestado pelos CTT.
Adesão é gratuita até ao fim do ano
Os interessados em obter informações ou aderir à aplicação Comércio Local CTT devem entrar em contacto com a ACI através do email [email protected] ou do contacto 918 857 686.
Até ao dia 31 de dezembro de 2021 a adesão à gratuita para os primeiros 150 comércios tradicionais.
“Soap-Store” registou a primeira venda através da aplicação
A “Soap-Store” registou a primeira venda através da aplicação Comércio Local CTT. A loja de cosmética para mãos e corpo, sabonetes, velas aromáticas e nicho de decoração e têxtil abriu em outubro de 2018 na Rua da Liberdade em S. João da Madeira. Com a chegada da pandemia, Fátima Aguiar viu-se obrigada a fechar as portas da sua loja. Quando soube da aplicação Comércio Local CTT não hesitou em aderir. “Achei uma mais-valia face a toda esta situação da pandemia”, disse a lojista que gere uma página da “Soap-Store” na rede social Facebook, reconhecendo que na aplicação consegue “incluir mais produtos e chegar a mais pessoas e mais longe”. O processo de receção de encomenda foi “tudo muito fácil”, confirmou Fátima Aguiar, contando que no caso concreto o cliente preferiu levantar o produto na loja em vez de o receber em casa.
Em relação ao desenvolvimento da aplicação junto de comerciantes e consumidores, a lojista acredita que a fase inicial poderá “demorar algum tempo”, mas “a publicidade vai ser fundamental para o seu sucesso”.
Na transição entre dois anos marcados pela pandemia, um dos sentimentos que mais impera é a “saudade” da característica do comércio tradicional que é “a proximidade com as pessoas” e de uma outra que tínhamos como adquirida que é a normalidade, assumiu Fátima Aguiar ao labor.