Perder a memória é perder o futuro. Por isso, uma comunidade que se preze e que se queira projetar com bases sólidas tem obrigação de preservar a sua memória coletiva. Isso nem sempre tem acontecido: atente-se a forma como S. João da Madeira menosprezou os palacetes dos Condes e do Rei da Farinha nas últimas décadas, não obstantes os largos milhares de euros que lá foram anunciados, mas que não condizem com o seu estado atual de degradação.
Agora, os grandes investimentos estratégicos recentemente anunciados para estes dois imóveis públicos resultam de um inexcedível trabalho invisível da atual maioria socialista na Câmara Municipal de S. João da Madeira, presidida por Jorge Vultos Sequeira, e são positivos em múltiplas vertentes. Não só porque possibilitam inverter 30 anos de abandono destes edifícios emblemáticos, como representam um importante motor para a nossa economia local e regional, pois a crise gerada pela pandemia da Covid-19 impõe-nos que preparemos o futuro com essa adensada inquietação.
Para o Palacete dos Condes já foi assinado o contrato de concessão para a instalação de uma unidade hoteleira de reconhecida e elevada qualidade, que vai reforçar também a resposta turística da cidade com a marca Mélia. Um investimento privado de sete milhões de euros que vai criar mais de três dezenas de novos empregos e que só chegou a S. João da Madeira porque o atual executivo camarário fez o trabalho político necessário para o inserir no programa REVIVE.
É justo reconhecer também o contributo que a Universidade Sénior e a ACAIS deram à cidade para a boa resolução deste processo. É que no anterior mandato autárquico o Palacete dos Condes havia sido destinado à Universidade Sénior do Rotary Clube de S. João da Madeira que dificilmente teria condições financeiras para dar conta da sua manutenção e utilização. Com compreensão e diálogo entre todas as partes que foram envolvidas por Jorge Vultos Sequeira, a Câmara cedeu novas instalações, em Fundo de Vila, à ACAIS para serviços protocolados com a Segurança Social. Este serviço estava anteriormente localizado
num edifício nas proximidades da esquadra da PSP e do quartel-sede dos Bombeiros, que assim ficou vago para ser cedido pelo Município precisamente à Universidade Sénior. Uma resolução construtiva onde todos – e sobretudo S. João da Madeira – ficaram a ganhar.
Já o Palacete do Rei da Farinha será reabilitado para instalação de um Centro de Memória da Indústria. O concurso público para o projeto de arquitetura já foi lançado e o objetivo é que este espaço seja brevemente convertido num novo ponto de visita do programa do Turismo Industrial de S. João da Madeira. Um local onde as nossas história e memória coletiva se cruzarão com o nosso futuro, preservando-se e devolvendo-se às pessoas este edifício exemplar.
Estas intervenções estratégicas da Câmara Municipal, liderada pelo Partido Socialista, em reabilitar o património histórico da cidade revelar-se-ão acertadas. Recuperar os palacetes é preservar a nossa memória e projetar o nosso futuro. E assim se constrói, também, uma cidade mais orgulhosa de si mesma.