A minha coluna

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FRACA PONTARIA
Os leitores menos jovens lembrar-se-ão dos westerns americanos em que, volta e meia, aparecia um artista bom que conseguia sacar, em simultâneo, duas pistolas do coldre e, com tiros certeiros, abatia sem dó nem piedade os adversários, que eram quase sempre índios a cavalo. Para os mais novos convém referir que, nessa época, os negros raramente entravam nos filmes. E se entravam era mais para tocar piano nos saloons, os cafés da altura. Mas, perguntará quem me lê, que é que isso interessa hoje? Pois bem. Interessa e muito. Vejamos. No Brasil de Bolsonaro o negócio de venda de armas aumentou 90% só no último ano, segundo notícia desta semana divulgada pela TSF. A mesma notícia refere que o governo estará a preparar legislação que permitirá a cada brasileiro aumentar de 4 para 6 o número de armas legalmente autorizadas. Uma forma extraordinária de ultrapassar os cowboys americanos anteriormente referidos e que só tinham duas pistolas. É verdade que alguns também tinham uma ou duas espingardas junto à sela do cavalo, mas isso só acontecia aos mais importantes, tipo John Wayne. Portanto, muito em breve cada brasileiro poderá ter 6 armas. E para quê? Ora aí é que está a grande questão. Como o Brasil já não era um país tão pacífico como pintado nos folhetos de promoção turística e tendo em conta que o seu presidente é um negacionista das medidas de luta contra a pandemia recomendadas pelas autoridades de saúde, só podemos encontrar uma justificação para estas decisões. É que o Bolsonaro, ainda por cima ex-militar torturador, acha que o vírus só pode ser morto a tiro. Não tem outra explicação. Agora vai ser preciso começar a treinar melhor os brasileiros no uso das armas. É que o número de infetados e de mortos sobe diariamente de forma assustadora. O Brasil já é o segundo país do mundo com mais mortos covid e se os treinos não começam rapidamente pode chegar a primeiro…

Balha-me Deus!

O GATO QUE RI
Os gatos riem? Fiquei há dias com essa dúvida e, como ninguém me conseguia responder de forma cabal, fui ao google. Percebi então que os entendidos dizem que há animais que riem (o chimpanzé, o cavalo, o cão e até o rato, entre outros) mas relativamente ao gato, nada. A minha dúvida tem a ver, como imaginam, com o meu gato preto.
O tipo tem um perfil muito sério. Além disso tem dois dentes de cima mais compridos que os outros e que saem um pouco da estrutura dental dando-lhe um certo ar de Drácula. As mandíbulas escondem-nos, mas a verdade é que eles estão lá e quando se veem aportam a imagem (mais pacífica…) do conde da Transilvânia. Ao longo dos tempos fui aprendendo a perceber as suas reações e já sei que foge quando há confusão ou barulho (tipo polícia cauteloso) e se aproxima quando quer comer. No final do dia senta-se no sofá, ao meu lado, para a prolongada soneca, mas sempre com um olho meio aberto a cuscar o que se passa no ecrã. E quando alguma coisa o faz despertar, assume a posição do gato sentado do Bordallo, e alterna a fixidez do olhar entre o que se passa na televisão e o dono, eu!
Há dias o tema era o despenteado primeiro-ministro inglês. O gato não parava de olhar para ele e para mim. Percebi que ele estava a tentar encontrar um parceiro para se rir do aspeto do Boris Johnson. Sim, porque daquele aspeto até um gato tem de rir. Era isso, de certeza, que o meu gato preto estava a fazer. E a pensar, talvez, no que diriam os portugueses se o nosso presidente ou primeiro-ministro aparecessem assim despenteados e com um certo ar de loucura. Não iam faltar especialistas e comentadores em mesas redondas e debates a toda a hora…

Balha-me Deus!

COMO ME COMPREENDEM…
O tema da semana já todos sabem qual foi. E vai dar pano para mangas até muito depois do fim da pandemia. Na fobia de pôr gente a falar do assunto e nem sempre a ajudar-nos a perceber, as televisões massacraram-nos com debates ao jeito do pós-jogos da I liga e a TVI até colocou uma psicóloga com o nome do pai, Amaral Dias, num painel com vários advogados – que sempre sabem alguma coisa de direito – a fazer uma triste figura, que nem a carita laroca compensou. O José Gomes Ferreira da SIC foi o habitual truculento a tecer decisões que me voltaram a recordar aquela sua intervenção que aconselhava os portugueses a comprar ações do BES. E como só falo dos que vejo uma palavra de agradecimento ao Marques Mendes que comunicou ao país que os portugueses estavam todos perplexos, baralhados, confusos e indignados. Era isso mesmo que eu sentia, mas não conseguia explicar tão bem. Obrigado, Marques Mendes, por teres adivinhado como eu estava mesmo sem falar comigo. Mas há um comentador cuja postura deve merecer uma palavra de elogio. Paulo Portas, no regresso ao seu comentário dominical demonstrou a quem o desconhecia a razão pela qual foi considerado um dos mais inteligentes políticos de Portugal, goste-se dele ou não. Manteve o seu pensamento sobre o tema de forma pacífica e sem assumir o papel de Juiz. Fugiu aos enforcamentos medievais na praça pública que têm estado na moda e foi muito pedagógico. Por isso merece um elogio e não o habitual…

Balha-me Deus!

BOM MESMO ERA…
Uma nota final ao jeito de Marques Mendes. Os CTT vão lançar uma APP. Excelente notícia. Mas bom mesmo era que os seus serviços de distribuição entregassem o correio a tempo e horas e não andassem sempre a devolver correspondência porque o carteiro novo – que muda mês-sim-mês-não, diz que o número da porta não existe…

Balha-me Deus!

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