Evento MALHA decorre de 8 a 23 de maio e conta com o jornal labor como media partner
Produzido pelo Projeto Habitus e pela companhia Teatro em Caixa, da Sótão do Vizinho – Associação, MALHA integra um coletivo de artistas multidisciplinar que desenvolveu sete “Estações Criativas”, uma das quais online (ver coluna na página seguinte).
Com início no Fórum Municipal e término na Cooperativa 11 de Outubro, a ideia foi criar um percurso pela cidade de S. João da Madeira que pretende assinalar em grande – e também em segurança dado o período pandémico que ainda se vive – o fim do Projeto Habitus.
Decorrendo de 8 a 23 de maio, o evento de encerramento tem inauguração marcada para este sábado e conta com o labor como media partner.
Esta experiência artística, que sanjoanenses e forasteiros poderão viver a partir do dia 8, está relacionada com a intervenção comunitária que foi levada a cabo ao longo dos três anos deste projeto promovido pelo Município e “tem um campo de ação visível na área do desenvolvimento interpessoal, que como numa malha se vai tecendo, envolve comunidades, parcerias e territórios que se foram interligando”.
Maria João Leite, da Associação de Jovens Ecos Urbanos (AJEU), assume a direção de produção, sendo “o elo de ligação à comunidade”, como a própria disse ao nosso semanário.
“Este projeto [Habitus] e estas respostas não surgiram à toa”
Um aviso de concurso veio colocar a financiamento o Programa de Ação Integrado para as Comunidades Desfavorecidas (PAICD) dirigido aos Municípios, aprovado no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano do Concelho de S. João da Madeira (PEDU). Através desta linha de financiamento, foi dada a oportunidade de promover iniciativas de inclusão social às câmaras da Região Norte que dispunham de mais de 400 fogos de habitação social, o que colocou o concelho sanjoanense como potencial beneficiário, com um financiamento previsto de cerca de 280.000 euros, a 36 meses.
Arrancando em 2018, o Habitus foi construído a partir de várias oficinas de expressão artística (dança, música, fotografia, defesa pessoal, etc.) e sócio-ocupacionais e diferentes públicos tendo em vista o desenvolvimento de competências pessoais e sociais e, por conseguinte, uma melhoria da qualidade de vida, bem-estar e igualdade de acesso a oportunidades. Tudo isto com especial incidência nas zonas de Fundo de Vila/Orreiro e Parrinho/Mourisca e financiamento do FSE – Fundo Social Europeu, através do Programa Operacional NORTE 2020.
O projeto comunitário teve, para além da câmara no papel de promotora, a Associação de Jovens Ecos Urbanos, a MenteMovimento – Associação Pró-Saúde Mental de Entre Douro e Vouga e o Centro de Cultura e Desporto (CCD) como entidades executoras. Relativamente ao CCD, assumiu “a contratação e a orientação dos monitores de atividade
física”.
“Este projeto [Habitus] e estas respostas não surgiram à toa, mas sim do diagnóstico social que foi feito pelas equipas em S. João da Madeira” e que perceberam que havia “necessidades” no campo da saúde mental e também “na área de respostas a crianças e jovens que não têm a possibilidade de terem ocupações de tempos livres”, chamou à atenção do nosso jornal Inês Bastos.
A AJEU, onde é técnica superior de educação, interveio “junto de famílias, crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social”. Trabalhou essencialmente a “parentalidade positiva”, a “mediação jovem” e a “expressão artística”, três dos eixos de intervenção do Habitus, envolvendo “perto de 50 jovens ou se calhar um bocadinho mais” e talvez “umas
30, 40 famílias”.
Quanto à MenteMovimento,fundada já em outubro de 2016, viu no Projeto Habitus uma “rampa de lançamento para iniciar a sua atividade” apoiando pessoas com experiência de doença mental e os seus cuidadores informais e “trabalhando em estrita parceria” com o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga.
Em 2018, a Associação Pró-Saúde Mental de Entre Douro e Vouga passou a assegurar uma unidade sócio-ocupacional, desenvolvendo “diferentes programas de reabilitação para as pessoas que para cá são referenciadas. E a ideia será devolvê-las à comunidade”, explicaram Ana Ferreira e Inês Pimentel, respetivamente, terapeuta ocupacional e psicóloga na MenteMovimento. Prosseguiram concretizando: “Temos um conjunto de oficinas sócio-ocupacionais de âmbito artístico, mas também com objetivos terapêuticos (…). Para além disso, desenvolvemos um conjunto de grupos terapêuticos mais específicos daquilo que é a reabilitação psicossocial como, por exemplo, a estimulação cognitiva, o treino de competências sociais, a cognição social”. “Normalmente, temos sempre 30 pessoas (mais as famílias) em acompanhamento”, mas o número de referenciações é “muito maior”,
acrescentaram.
Habitus termina, mas respostas sociais vão continuar
Tanto Inês Bastos, da Associação de Jovens Ecos Urbanos, como as duas técnicas da MenteMovimento Ana Ferreira e Inês Pimentel, fazem “um balanço muito positivo” destes três anos de Projeto Habitus, o último dos quais vivido em contexto pandémico.
Com o acesso à tecnologia, o longe tornou-se perto. E, com ou sem pandemia, durante a execução dos vários eixos de intervenção foi possível “dar sentido à vida das pessoas”, restabelecendo ou contribuindo, “de forma sustentada, para o sentimento de pertença à comunidade”.
Paula Gaio, vereadora da Divisão de Ação Social e Inclusão da autarquia, disse, a propósito, que “a implementação deste projeto foi de extrema relevância para a prevenção primária e secundária de comportamentos de risco associados aos jovens, e às suas famílias, para além de ter contribuído de forma decisiva para a coesão social do território”.
E tanto assim foi que o Habitus chega agora ao fim, mas as respostas sociais vão continuar. “Percebeu-se realmente que o impacto na comunidade era grande e que não se podia deixar cair” e, portanto, no caso da Ecos Urbanos, “grande parte do trabalho vai ser mantida por outro financiamento” no âmbito do programa “Bairros Saudáveis”, adiantou Inês Bastos.
Já a MenteMovimento também vai manter a sua Unidade Sócio-Ocupacional “ao abrigo de um apoio da câmara. O objetivo será integrarmos futuramente a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental e obter um financiamento fixo que realmente dê estabilidade à resposta”, referiu Ana Ferreira.
“Estações Criativas”
Estação 1 – “Autorretratos” de Vanessa Fernandes e Ivo Reis com jovens da Ecos Urbanos – vídeo-instalação na câmara municipal
Estação 2 – “À Janela” de Helena Oliveira, Patrícia Lestre e Miguel Lestre com jovens da Ecos Urbanos – vídeo-instalação na Casa da Criatividade
Estação 3 – “Projeto Rua da Liberdade” de Paulo Pimenta com jovens da Ecos Urbanos – instalação fotográfica na Rua
da Liberdade
Estação 4 – Instalação têxtil de Daniela Duarte e sonoplastia de Daniela Leite Castro e ilustrações de Ana Brandão, com a MenteMovimento, no Largo Padre Aguiar
Estação 5 – “Heróis da Saúde Mental” – Ilustrações de Ana Brandão com a MenteMovimento no Hospital de S. João da Madeira
Estação 6 (online) – Músicas de Daniela Castro Leite, com a MenteMovimento, que podem ser ouvidas online todos os dias, às 10h00, na Rádio Regional Sanjoanense
Estação 7 – “Reconstrução” de Diogo Bastos Pinho e o Teatro em Caixa – intervenção comunitária na Cooperativa 11 de Outubro