Em relação à Sanjotec e responsabiliza-o por não dar continuidade ao Tecnet
O Relatório de Desempenho Organizacional do Contrato-Programa com a Sanjotec relativo a 2020 foi aprovado por unanimidade na última reunião de câmara realizada esta terça-feira via Zoom.
O presidente Jorge Sequeira deu a conhecer alguns indicadores correspondentes ao último ano. Tais como a saída de seis empresas e a entrada de 15 ligadas às áreas de tecnologia de informação, engenharia, internet, turismo, entre outras. Num ano marcado por uma crise pandémica, “este é um dado que diz muito sobre a capacidade de atração da Sanjotec”, considerou Jorge Sequeira. Em 2020 “foi também o ano em que aderimos à Agência Espacial Europeia (AEE). A Sanjotec passou a ser incubadora da rede de incubadoras da AEE e intermediou a candidatura de uma empresa que está na Sanjotec a um nanciamento da AEE que teve êxito e sucesso”, indicou o autarca. Embora reconheça que “alguns indicadores sofreram com a Covid, como é evidente”, Jorge Sequeira considera que “o projeto mantém a sua atratividade e a sua resiliência” sempre com o apoio da autarquia, dando, a título de exemplo, a redução das rendas pagas pelas empresas em função de determinados critérios devidamente comprovados. O autarca destacou ainda o facto de terem terminado o ano com “uma taxa de ocupação singular de 87,9% no quadro das incubadoras a nível nacional”.
Apesar do sentido de voto favorável ao documento, a coligação PSD/CDS-PP não deixou de criticar a ação do executivo socialista. No entender de Paulo Cavaleiro era “importante” ser explicada a razão pela qual as empresas saíram e ter informação sobre as que entraram. Mas mais importante era mesmo ter sido dada continuidade ao Tecnet. Um evento dedicado à tecnologia, à criatividade, à inovação e ao empreendedorismo empresarial e social que era promovido pela Sanjotec em parceria com a rede Tecparques e a PortusPark. “Não estou a dizer que não é importante a entrada na AEE e outros projetos, mas esta posição liderante de querer estar à frente do seu tempo, que sempre foi o desafio da Sanjotec, e que tivemos com este evento (Tecnet) que era um bocadinho a montra e permitia dar a imagem e construir uma dinâmica muito forte do nosso território, desapareceu”, considerou Paulo Cavaleiro, para quem “o senhor presidente tem de ser responsabilizado por isso porque foi uma opção sua ter deixado de organizar o Tecnet”. “O Tecnet fazia de nós uma referência”, mas “a cidade de Aveiro com os Techdays já nos ultrapassou nessa área e é uma pena”, lamentou o vereador da oposição. “A nossa ambição era que já estivéssemos a trabalhar numa nova solução para dar resposta às novas necessidades” da “Sanjotec que contempla 11 edifícios no seu masterplan”, por isso, “era importante já estarmos a precaver e a preparar a concretização desses projetos”, defendeu Paulo Cavaleiro que esteve no executivo que iniciou este projeto ligado à tecnologia.
Razões de ordem financeira levaram a que não fosse dada continuidade ao evento
O presidente da câmara recordou que já explicou as razões pelas quais não foi realizado o Tecnet, mas voltou a fazê-lo. Este evento foi feito em 2017, teve um custo de cerca de 100 mil euros e foi financiado pela União Europeia. “Não se repetiu esse financiamento e o que sucede é que no ano a seguir, 2018, terminou o período de carência de um dos empréstimos que foi contraído para a construção de um dos edifícios da Sanjotec”, recordou Jorge Sequeira. Com o início do pagamento deste empréstimo, “as necessidades de tesouraria e de financiamento da Sanjotec tiveram que ser canalizadas para amortizar o investimento”, esclareceu o autarca, salientando que “a liderança da Sanjotec não foi colocada em causa”. “A sua capacidade de projeção não foi minimamente afetada”, assegurou Jorge Sequeira, corroborando isso mesmo com os prémios e os reconhecimentos alcançados em 2020 e em anos anteriores.
A justificação financeira para não realizar o Tecnet não convenceu de todo a oposição. “O retorno que traria em termos de economia e de dinâmica justificava (o investimento)”, reforçou Paulo Cavaleiro. Tendo em conta que “o senhor presidente tinha como slogan de campanha ́Uma Visão de Futuro ́, fazer este tipo de comentário quando estamos a falar de futuro deixa-me um bocadinho surpreendido”, confessou o vereador da coligação PSD/CDS-PP. “Não é por falta de alerta da nossa parte que não muda essa visão que parece ser de pouco futuro”, concluiu Paulo Cavaleiro.