Com uma “mensagem importante”: “Temos de nos colocar nos sapatos dos outros”, realçou o presidente Jorge Sequeira 

 

A visita performativa “Cada um sabe onde lhe aperta o seu sapato” foi a primeira de cinco “interferências” artísticas associadas a marcas de identidade de S. João da Madeira. “Interferências 1.0” é um projeto de intervenção cultural desenhado pelo Museu do Calçado, Museu da Chapelaria e pela Casa da Criatividade, em parceria com a Divisão de Ação Social da Câmara Municipal de S. João da Madeira, no âmbito do Programa “Cultura para Todos” que é cofinanciado pelo Portugal 2020. Com a curadoria do Teatro da Didascália, o “Interferências 1.0” é dirigido a pessoas com origens e vivências diferentes e tem como objetivo levar a comunidade a ter um papel ativo em ações artísticas com base nas suas memórias, nas suas histórias.
A convite do Teatro da Didascália, a atriz Sara Barros Leitão assumiu a coordenação artística e dramaturgia deste projeto único na cidade. Um projeto que juntou 30 pessoas, com idades desde os 15 até aos 80 e tal anos, com histórias completamente diferentes. Com base nas suas memórias, calçaram os sapatos uns dos outros, que é como quem diz colocaram-se na pele do outro, e interpretaram os papéis das vidas de uns, de outros, de todos. O ponto de partida desta caminhada dividida por sete estações é o calçado.

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O processo de criação desta que é a primeira “interferência” devia ter começado em janeiro, mas foi precisamente nesse mês que o Governo decretou o início de um novo confinamento devido à pandemia. Com as vidas suspensas entre janeiro e fevereiro, decidiram avançar para os contactos à distância via plataforma Zoom. O encontro presencial só viria a acontecer durante um mês.
Trabalharam sempre com máscara, exceto no dia do espetáculo depois de todos terem sido testados e dado negativo à Covid-19. Só neste dia se viram por inteiro. Sem máscara. Apesar das “muitas adversidades que apareceram ao longo do processo, que não estávamos à espera, quando as coisas acontecem é muito emocionante”, assumiu Sara Barros Leitão, depois do espetáculo que marcou a sua estreia em trabalho na cidade, ao labor.
Assumidamente como alguém que gosta de arquivos, histórias, memórias e pessoas, este projeto permitiu-lhe interferir de todas essas formas. “Tive um processo de recolha das histórias. Estávamos todos juntos. Só conversávamos. Elas ficaram surpreendidas como isso se transformava depois numa coisa mais poética na escrita. E como é que de repente as suas histórias passavam para as histórias de outros. As histórias estão todas misturadas neste momento. Há um desapropriar da nossa biografia e um confiar no outro e no grupo para contar a nossa própria história. Contamos as histórias uns dos outros. Acho que é muito bonito”, revelou Sara Barros Leitão, para quem, sem exceção, todas as pessoas que conheceu no projeto “se tornaram especiais”.

Reposição da visita este sábado 

Para o presidente da câmara, Jorge Sequeira, este foi “um espetáculo maravilhoso, magnífico e de aprendizagem sobre S. João da Madeira”, através do qual é transmitida “uma mensagem muito importante”: “Temos de nos colocar nos sapatos dos outros” que é como quem diz no lugar dos outros. “Espero que este momento vos tenha enchido o coração como encheu o meu”, começou por dizer Joana Galhano, diretora do Museu do Calçado, adiantando que a ideia é dar continuidade a este “projeto fantástico e único” na cidade. De acordo com as reações que foi recebendo, “temos pés para andar e muitos sapatos para calçar”, assegurou Joana Galhano.

A visita performativa “Cada um sabe onde lhe aperta o seu sapato” tem uma reposição marcada para este sábado, dia 22 de maio, pelas 11h30, no Museu do Calçado. A visita é gratuita, mas encontra-se sujeita à lotação do espaço e à reserva e levantamento prévio do bilhete no Museu do Calçado. As reservas podem ser feitas através do contacto 256 004 006 ou dos emails [email protected]/[email protected].

Vamos ter mais quatro “interferências” 

Desde dezembro de 2020 até julho de 2022 vai ser desenvolvido um trabalho que levará à criação de cinco “interferências” artísticas em S. João da Madeira.
Para além da visita performativa “Cada um sabe onde lhe aperta o seu sapato” no Museu do Calçado, que foi a primeira, seguem-se mais quatro intervenções em diferentes espaços da cidade. A saber, no Museu da Chapelaria (com período de criação entre maio e julho de 2021), na Casa da Criatividade (com período de criação entre agosto e novembro de 2021), na Oliva (com período de criação entre dezembro de 2021 e março de 2022) e na Praça Luís Ribeiro (com período de criação entre abril e julho de 2022).

Para “memória futura”

As cinco “interferências” vão integrar o circuito artístico e urbano “Memória Futura” que estará disponível através de QRCode em diferentes locais da cidade. O objetivo é que este formato digital também fique disponível em meios digitais para que S. João da Madeira chegue a todo o mundo.

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