Na passada sexta-feira, foram divulgados pela comunicação social os “rankings das escolas” elaborados com base nos dados disponibilizados pelo Ministério da Educação referentes a 2020 – um ano atípico, devido à pandemia, em que os exames nacionais foram facultativos, tendo só sido realizados pelos alunos que deles precisavam como prova de ingresso no ensino superior.
Desta vez, e contrariamente ao que aconteceu no ano transato, S. João da Madeira não se destacou como tendo a escola pública com melhores resultados nos exames nacionais do secundário do país no ranking elaborado pela Lusa. Mas nem por isso os diretores dos agrupamentos de escolas (AE) deixam de estar convictos quanto ao bom trabalho que tem sido desenvolvido no concelho a nível do ensino.
“Comparar o incomparável”
António Mota Garcia, do Agrupamento de Escolas João da Silva Correia (AEJSC), chegou mesmo a dizer ao labor que “S. João da Madeira tem a sorte de dispor de três agrupamentos de escolas de elevada qualidade, cada um deles com as suas especificidades próprias”, que “são muito procurados por famílias de outros concelhos”.
“Os rankings das escolas valem o que valem”, afirmou o diretor do AEJSC, para quem – apesar de o modelo de exames do último ano letivo ser “mais justo” -, “os indicadores de qualidade de uma escola não podem reduzir-se aos resultados obtidos num único momento avaliativo de todo um percurso escolar”.
Não obstante o posicionamento do seu AEJSC no ranking de 2020, que até “foi bom”, Mota Garcia prefere manter os pés bem assentes na terra. Na sua opinião, o que realmente importa é “dar continuidade a um trabalho consistente e evidenciar o importante papel dos nossos professores, infelizmente, em muitos momentos, desvalorizado”.
Alinhando pelo mesmo diapasão, Mário Coelho também disse que “os rankings valem o que valem”, sobretudo, quando se trata de “comparar o incomparável” – leia-se escolas públicas e privadas.
O diretor do AE Oliveira Júnior só vê “um aspeto positivo” nesta coisa dos rankings, que é o facto de cada escola poder comparar os seus resultados de um ano para o outro e refletir sobre os mesmos. “É importante refletir sobre o que podemos melhorar”, defendeu o docente.
“Muitos alunos” inscreveram-se nos exames sem ser necessário
No ano letivo anterior, “muitos alunos” da Escola Básica e Secundária Dr. Serafim Leite inscreveram-se nos exames nacionais sem ser necessário e “sem se prepararem convenientemente para alguns deles”.
Segundo a diretora do AE Dr. Serafim Leite, “os alunos que efetivamente precisavam de classificações para entrarem nas opções que escolheram tiveram um excelente desempenho nos exames que precisavam, os outros não”. “Ao nível do 11º ano, perderam-se muito e não tiveram resultados brilhantes”, o que, na ótica de Anabela Brandão, não é de admirar perante “os tempos tão difíceis como os que estávamos a viver”.
A diretora deseja que “este ano dê para [os alunos] subirem as classificações e que trabalhem para que isso aconteça”, sendo certo que, da parte do agrupamento de escolas, “terão todo o apoio necessário”.
Mais do que aos rankings, CEI está atento ao percurso de cada aluno
Para o diretor do CEI – Centro de Educação Integral, mais do que os resultados nos exames nacionais, importa saber se os alunos conseguiram entrar na faculdade e se também terminaram os cursos superiores “preparados para a vida ativa como excelentes pessoas e excelentes profissionais”.
Joaquim Valente lamenta não haver também um ranking que reflita isto, contudo, “há o feedback e o testemunho que recebemos das famílias e dos ex-alunos, que falam por si mesmos”.
Na sua maioria, “os nossos alunos concluem a sua licenciatura no tempo mínimo de frequência com excelente classificação e muitos destacam-se pelo conhecimento que têm, capacidade de trabalho e atitude”, salientou o diretor da escola privada, assegurando que continuarão “atentos às informações que nos chegam dos rankings, mas também ao percurso de cada aluno”, tendo em vista a sua melhor preparação para a vida.