Como é que começou na modalidade?

Sempre pratiquei desporto e com 16 anos, a caminho dos 17, decidi fazer musculação. Comecei como cliente num ginásio e lá um amigo, que tinha algum conhecimento sobre a modalidade, começou a transmitir-me algumas bases de treino. Este desporto cativou-me e, por iniciativa própria, também fui pesquisando até que um dia decidi que iria competir e isso aconteceu em 2010. Desde então, praticamente todos os anos, tenho participado em competições ao nível nacional e, neste momento, conto já com um bom histórico competitivo, que na sua grande maioria conta com diversos primeiros, segundos e terceiros lugares.

Nunca tive como objetivo principal chegar a profissional, mas focar-me numa evolução gradual, nomeadamente com a obtenção de bons resultados ao nível nacional. Mas passados 11 anos decidi, juntamente com o apoio da Federação Portuguesa de Culturismo e Fitness, competir numa prova que dava, ao vencedor de cada categoria, acesso ao cartão profissional.

Foi isso que conseguiu alcançar em Espanha com a presença no IFBB Fitness Sports Games?

Venci a categoria até 90kg e depois, no Overall, onde competem os vencedores de todas as categorias, conquistei a medalha de bronze num total de 12 participantes. Com isto sagrei-me campeão europeu e passei à liga profissional. No dia seguinte convidaram-me para participar numa categoria aberta a qualquer peso e já competi com esse estatuto. Foi uma participação extremamente positiva, que permitiu-me ganhar experiência e abrir portas lá fora.

Então o patamar profissional na modalidade não foi um objetivo definido desde início?

Não, foi algo que surgiu há relativamente pouco tempo, talvez há cerca de um ano. Em Portugal já tinha vencido praticamente tudo o que podia pelo que, a dada altura, o José Monteiro, que é membro da federação, disse-me que cá (Portugal) não tinha mais nada a provar e que devia ganhar experiência internacional que me permitisse evoluir ainda mais.

A presença na prova em Espanha foi a primeira em que competiu fora de Portugal?

Não, foi a terceira. Antes desta competição já tinha participado num campeonato europeu, em Londres, onde fui campeão, mas que não dava acesso ao estatuto profissional, e também já competi no Arnold Classic, que decorre todos os anos em Espanha e onde o próprio Arnold Schwarzenegger costuma estar presente.

O que distingue o profissional do amador no culturismo?

O nível competitivo é muito mais elevado que, por sua vez, implica uma maior exigência em termos desportivos, mas a principal vantagem reside no aspeto monetário. Um atleta chegando ao nível profissional tem maior possibilidade de se abrirem portas para patrocínios ou receber convites para estar presente em competições internacionais, seja como participante ou como guest poser, que é uma sessão onde se realiza uma série de poses para a sua divulgação. Os prémios monetários também são muito maiores.

É uma modalidade exigente não só pelo aspeto físico, mas também pelos cuidados necessários com o tipo de alimentação?

Sim, principalmente na altura de competição. O atleta de musculação tem duas fases, a de aumento da massa muscular e a de queima de gordura. Na fase de aumento o objetivo é a hipertrofia, em que o atleta intensifica o consumo calórico e realiza sessões de treinos mais pesados com o intuito de construir mais massa muscular. Já na etapa de competição o atleta tem de estar em défice calórico todos os dias, ou seja, tem de consumir menos do que o que gasta, com o objetivo de atingir um percentual de gordura na ordem dos cinco por cento. Isso faz com que a pele fique bastante fina, o que permite que se note mais os recortes musculares e estriamentos, porque, de facto, trata-se de uma modalidade em que vence quem tem maior simetria, volume e tamanho.

À alimentação bastante restrita, regrada, limpa e do treino de pesos, o atleta de musculação tem de realizar uma média de uma hora diária de treino cárdio e conciliar tudo isso a vida quotidiana.

Com todas essas exigências e restrições, como mantém o estímulo e motivação?

É um desporto com o qual me identifico a 100%, mas as amizades que se vão fazendo ao longo do tempo, tanto no meio competitivo como fora dele, também são importantes para continuar. Para além disso, também acompanho pessoas que procuram atingir determinados objetivos. Ajudar as pessoas a alcançar as metas, ver os resultados e todo o progresso é algo que me fascina. É por isso que digo que se um atleta se dedicar a 100% ao desporto, com certeza fará o mesmo na vida profissional e pessoal.

O primeiro lugar alcançado no IFBB Fitness Sports Games, que lhe permitiu chegar a profissional na modalidade, foi o ponto alto da carreira ou isso já tinha acontecido com os diversos pódios alcançados em Portugal?

São coisas diferentes. Como profissional a exigência passa a ser maior. Agora com esta subida procuro algum tipo de apoio porque os praticantes desta modalidade, nomeadamente ao nível competitivo, têm gastos bastante elevados, sobretudo com a alimentação, e os custos são suportados pelos atletas porque cá em Portugal praticamente não têm qualquer tipo de apoio. A solução é seguir o caminho sozinho até chegar onde cheguei, um nível que espero que me ajude a alcançar apoios e patrocínios para me manter como profissional, porque agora é tudo muito mais exigente.

Agora que fala de apoio, contou com algum para representar Portugal em Espanha no IFBB Fitness Sports Games?

Tive apoio do ginásio VH Fitness, de Oliveira de Azeméis, que se disponibilizou para ajudar com alguns gastos da viagem e de inscrição, e de José Monteiro, membro da federação, que também me incentivou e com quem fui de carro para Santa Susanna, em Espanha, para participar na competição. Mas a grande maioria das despesas foram suportadas por mim.

Ainda assim, também tenho que agradecer ao solário SunHouse, de S. João da Madeira, à MuscleStrong Europa, bem como à família e amigos mais próximos, que têm sido importantes neste meu percurso.

Agora que chegou ao nível profissional a aposta vai passar por uma maior presença em provas internacionais?

Agora só posso participar em competições que sejam de âmbito profissional, o que reduz o leque de provas nacionais em que posso participar.

Sendo assim, qual a próxima competição onde conta estar presente?

Está prevista a realização em Portugal, no mês de novembro, de uma competição profissional de âmbito internacional que conto estar presente. Se tudo correr bem e se se realizar vou representar Portugal em casa, senão deverei participar numa prova que se chama Mediterrâneo, que também é profissional.

Currículo desportivo de Sérgio Costa

2010 – 1.º lugar Campeonato de Culturismo Iniciados/Juniores
2010 – 7.º lugar Taça de Portugal
2012 – 1.º lugar Campeonato Regional Norte Categoria Clássico
2012 – Campeão Absoluto Overall Campeonato Regional Norte
2012 – 2.º lugar Campeonato Nacional Culturismo Clássico
2012 – 10.º lugar Open Vila do Conde
2012 – 2.º lugar Taça de Portugal – Culturismo Clássico
2014 – 2.º lugar Campeonato Regional Norte Categoria 85kg
2014 – 1.º lugar Campeonato Nacional Categoria Juniores
2014 – 1.º lugar Campeonato Europeu TFE ENGLAND Juniores
2015 – 1.º lugar Campeonato Regional Norte sub-23
2015 – 1.º lugar vencedor absoluto Campeonato Regional Norte Overall
2015 – 1.º lugar Campeonato Nacional Categoria sub-23
2015 – Top 3 Campeonato Nacional Overall
2015 – 1.º lugar Powerexpo Categoria sub-23
2015 – 1.º lugar Rebolo Classic sub-23
2015 – 3.º lugar Rebolo Classic +80kg
2016 – Top 10 Arnold Classic Europe – Clássico
2016 – 3.º lugar Powerexpo culturismo 80kg
2017 – 2.º lugar Powerexpo culturismo +80kg
2018 – 4.º lugar Regional Norte +80
2018 – 3.º lugar Nacional até 90kg
2019 – 1.º lugar Taça Rebolo + 80kg (categoria mais pesada)
2019 – Campeão Overall Taça Rebolo
2020 – 1.º lugar Campeonato Nacional +80 kg
2020 – 1.º lugar Campeonato Nacional Overall
2020 – 1.º lugar Campeão Overall Taça de Portugal
2021 – 1.º lugar Santa Susana European 90kg (Elite Pro Card Winner)
2021 – 3.º lugar Overall Santa Susana European

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