A minha coluna

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O LEÃO VEM, OU NÃO?

Involuntariamente influenciado pelos comentadores e analistas das televisões quase não consegui dormir de segunda para terça. E porquê? – perguntarão vocês. Por causa do orçamento de estado. Pelos vistos o Leão tinha que o entregar até à meia-noite ao Presidente da AR que, coitado, já com uma idade avançada, foi obrigado a passar lá o dia à espera da “pen” com os números do orçamento. E os tais analistas estavam há horas a discutir o orçamento que não conheciam e, compreensivelmente, com muita pena do Ferro Rodrigues que, àquela hora – depreendia-se – já deveria era estar na cama. Com a conversa dos analistas à volta deste tema também acabei por ficar, sem disso dar conta, um pouco irritado pelo Leão estar assim atrasado. Então se tinha de entregar o orçamento até à meia-noite e já eram dez horas, concluía-se que estava atrasado…. Era o que eles concluíam. Ainda bem que a coisa se resolveu já depois das onze quando o Leão entregou o envelope ao Ferro e eu, já mais descansado, acabei por perceber que aquela rapaziada estava era desejosa de passar a noite em claro a avaliar o documento para no dia seguinte ir a correr fazer perguntas ao Leão. Principalmente eles. Porque a Joana Amaral Dias, avantajada comentadora televisiva da TVI24, não consegue dar uma para a caixa do orçamento. Tem presença – e bastante – arranja-se bem, dá uns gritinhos quando acabam por lhe perguntar qualquer coisa – deve estar no contrato que têm de lhe perguntar qualquer coisa … – mas quanto a dizer alguma coisa interessante… só se for no Big Brother!

Balha-me Deus!

JORNALISMO?

E por falar em orçamento, na segunda-feira todos os telejornais da noite abriram com a notícia de que o aumento dos escalões do IRS ia fazer com que, em alguns deles, a taxa aumentasse e um conjunto vasto de cristãos (ou não) tivessem de pagar mais IRS. E isso tudo segundo fontes do Expresso (nuns casos) ou do Observador (noutros) cujos jornalistas tinham tido acesso à “pen” do orçamento ainda antes do Leão a ir entregar ao Ferro. Não eram, de facto, boas notícias. Os comentadores lá começaram a desenrolar o fel das críticas ao documento – que não conheciam – mas com base nessas fontes e assim a coisa foi ganhando volume. Até que, já no final, o jornalista da RTP apresenta um pedido de desculpas pela notícia de abertura porque tinha acabado de receber do Ministério das Finanças uma nota desmentindo que o orçamento previsse aumentos no IRS. Pelo contrário, disse o jornalista. Ou seja: as fontes que serviram de base à notícia de abertura de todos os telejornais da noite era, segundo a nota do ministro das Finanças, falsa. Logo as notícias também o eram, como o próprio documento – a proposta de orçamento – veio a demonstrar. E isto acontece dias depois do Prémio Nobel da Paz ter sido entregue a dois jornalistas em homenagem – disseram muitos – ao trabalhos de todos os jornalistas. Todos? Todos não! Tal como nos livros do Astérix há sempre uma aldeia gaulesa onde os jornalistas não fazem o trabalho como deve ser…

Balha-me Deus!

 PROVA PROVADA

Às vezes há amigos que me perguntam com um certo ar de gozo – os que não o são nem se atrevem… – se o que eu conto do meu gato é mesmo assim ou se é tudo história. E como não tenho, em cada momento, forma de lhes demonstrar que o gato é mesmo muito especial e inteligente, levo a coisa para o lado mais fácil e alinho na brincadeira deixando os meus interlocutores convencidos que acabaram de ter uma grande tirada desdenhando do animal. Do gato, claro. Mas como não há nada mais natural que a natureza – esta frase não tem nada ver com o tema, mas pareceu-me que ficava aqui bem… – há momentos em que, inopinadamente, nem preciso de argumentar para defender o meu gato. Ele prova diretamente as suas capacidades. Na soalheira tarde do último domingo um desses céticos amigos veio cá a casa tomar um café e pôr a conversa em dia. Ali perto o meu gato apreciava, sentado ao sol, o desenrolar dos assuntos com uma atenção que só um gato inteligente pode ter. A tarde ia caindo, o sol aproximava-se do horizonte e eis que o meu cético amigo, numa das suas habituais tiradas desdenhosas para com o meu gato e com um riso de pretenso gozo, diz qualquer coisa como isto: “Olha o gato. É este o tal? Daqui a um bocado tens de ligar a televisão para ele ver o comentário do Marques Mendes…”. Não é que o gato, ao ouvir esta última frase, desata a correr como um desalmado pelo jardim, salta o muro para a rua e desaparece? “Estás a ver o que arranjaste?” – disse-lhe eu. “O gato já não gosta dele. Agora gosta mais do Júdice…”. O meu amigo nem queria acreditar. Riu-se na mesma, gargalhou, mas já não era o mesmo. Estava, digamos, com o seu gozo ao felino ferido de tal forma que não lhe restou alternativa a reconhecer que o gato é mesmo inteligente. E concluiu: “Caramba! Só de ouvir o nome o gajo fugiu. Afinal é mesmo esperto, o raio do bicho…” .

Balha-me Deus!

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