Não guarde para si os desafios que lhe surgem. Partilhar com outra pessoa as preocupações e os aborrecimentos ajuda muito. Eu sei que, por vezes, isto é difícil de se fazer. As pessoas reservadas, quando alguém lhes pergunta “Está tudo bem contigo?”, têm tendência para responder: “Claro, está tudo bem”.
Quando era adolescente, um dos meus filhos desapareceu de casa durante quinze meses. Durante parte desse período, não soubemos onde é que ele estava. Eu era uma pessoa muito reservada. Um dia, um amigo disse-me: “Cavalheiro, fala com alguém”.Eu pensei:” De que é que ele está a falar?” Eu tenho de falar no emprego. Eu falo com pessoas todo o dia, todos os dias. O que quer ele dizer com “Fala com alguém?”Comecei a pensar no que ele disse e concluí:”Ele tem razão. Necessito de falar com alguém.
Comecei a falar com toda a gente que encontrava. Comecei a falar com amigos e estranhos. Começava assim: “Tem dez minutos? Tem cinco minutos? Quero falar consigo, pode ser. “E uma coisa muito interessante aconteceu. Atingi o ponto em que podia partilhar aquela informação em público; houve muita gente que veio ter comigo, para me dizer: “Não sabia que mais alguém soubesse o que é passar por uma situação assim. Não sabia que mais alguém soubesseoque isso significa. Muitoobrigado, por ter partilhado esta parte dasua vida comigo”. É tão agradável sabermos que não estamos sozinhos e que podemos ouvir e partilhar, amadurecer, recuperar e recompormo-nos, em comunhão com outras pessoas! O meu filho agora está em casa.Ele está ótimo. Está lindo, é feliz e gosta de si próprio. Acho que isto foi a coisa maisimportantequeestasituaçãooriginou.
Agora, quando olho para trás, não tenho a certeza que pudesse ter sobrevivido, senão houvesse um amigo que me dissesse para falar com alguém.
Partilhar pode tornar-se não só uma bênção para si, como também uma bênção para outras pessoas.
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