Decidi lá ficar, a dormir.
À noite é diferente, e é preciso alguma coragem para dormir num sítio tão ermo.
Acendem-se as luzes de fora, fecham-se os portões e cresce em nós uma sensação de segurança, dentro de portas. O lume a crepitar aconchega o espaço e faz companhia.
Cá em baixo, nada se ouve. Não há rumores. Lá em cima, nos quartos, já os pequenos estalidos da madeira ou o ranger do soalho, na calada da noite, impõem algum respeito. E se há vento, ainda que uma leve brisa, as portadas lanceiras e gastas do tempo abanam, fazendo chiar ou assobiar o ar através das frinchas.
As noites ainda são longas. Debrucei-me à janela, por detrás dos vidros, a olhar a meia-lua que espreitava por entre um céu cinzento, cheio de sono.
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