O labor esteve à conversa com o escritor Martz Inura, pseudónimo de Emídio Ferreira de Aguiar, sobre o seu mais recente romance “TriCidades de Deus” apresentado no passado dia 24 de setembro na Biblioteca Municipal Renato Araújo

 

O que o levou a escrever sobre o quotidiano de Lisboa no século XV quando esta era constituída por três comunidades: cristãos, mouros e judeus?

Numa visita à Biblioteca Nacional da Ajuda fui despertado por um manuscrito antigo para a história de um físico David, como chamavam então aos médicos naquele tempo. Ele era filho de um judeu convertido e de uma cristã, e isto dificultava a sua integração social. Tinha lido algumas referências à conflitualidade entre cristãos, mouros e judeus, e ali comecei a reunir histórias sobre este tema, num período em que D. João I tinha conseguido umas tréguas com Castela e estava a afirmar o seu poder. A minha preocupação era reconstruir a vida daquele tempo, já que do princípio do século XV não abundam muitos elementos etnográficos. Fernão Lopes, que foi um inovador, era cronista-mor, teve de se cingir sobretudo à política, e Alexandre Herculano, que escreveu sobre esta época, citemos “O Monge de Cister”, voltou-se mais para a parte monástica. O enredo era a parte mais fácil de conceber, já que casos destes eram frequentes, o mais trabalhoso era integrá-lo na História real, que tinha de respeitar, e abundam no romance algumas personagens históricas. Os modos de vida das três comunidades também me mereceram muita investigação, alguns foram recolhidos em teses de mestrado e doutoramento que por aí se fizeram.

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