Após a sua requalificação, a região pode ter aqui uma espécie de “metro de superfície”, bem integrado nas suas zonas urbanas, mas ainda não o sabe nem o valoriza, confirma Nuno Freitas, exemplificando que “Braga, Guimarães e Barcelos lutam por uma infraestrutura destas há anos e não conseguem. Nós temo-la e desprezamo-la”
Qual é o contexto atual da Linha do Vale do Vouga (LVV)?
Hoje a LVV é uma infraestrutura com muito potencial, mas muito degradada. Além disso, o traçado é sinuoso, as paragens são as mesmas de há 100 anos, não estão adequadas à nova distribuição populacional e tem demasiadas passagens de nível sem guarda. Tudo isto leva a que a velocidade comercial e frequência de serviços sejam baixas. Porém, o sinal mais evidente da degradação é o abandono a que foram sujeitas as estações. As estações são o primeiro contacto com as pessoas, com os clientes, e se não estão devidamente cuidadas são a primeira razão de afastamento dos passageiros, embora isto não tenha sido sempre assim. Recordo-me bem do tempo em que a estação de S. João da Madeira tinha um chefe de estação, de chapéu branco, bandeira e apito, o Senhor Capela, estava impecavelmente cuidada e transportava muita gente. De facto, não é irrelevante lembrarmo-nos do nome do chefe de uma estação de há 40 anos. É um sinal de que este tipo de serviços precisa de ser cuidado, precisa de que se dê atenção à infraestrutura e aos clientes. Apesar disso, o material circulante é ainda razoável, veio da Linha da Póvoa, mas a ausência de sistemas de bilhética faz com que a CP não consiga vender mais de 600 mil bilhetes por ano porque, com os comboios cheios, os revisores não conseguem chegar a toda a gente.
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