Jorge Sequeira até tem “imensa simpatia” e “amizade” por Eva Braga, como o próprio assumiu publicamente na última sessão da Assembleia Municipal (AM), mas “há mínimos”, que é como quem diz há limites para tudo.

E, por isso, o autarca não foi brando nas palavras que dirigiu à deputada e ao seu partido, o Bloco de Esquerda (BE), depois de a bloquista se ter pronunciado acerca da incorporação do saldo de gerência de 2022 no Orçamento Municipal (OM) deste ano. Na sua opinião, o que Eva Braga tinha acabado de fazer era “induzir as pessoas em erro”.

Em cima da mesa estava um saldo de cerca de 758 mil euros, resultante de um apoio extraordinário de aproximadamente 400 mil euros atribuído pelo Governo em meados de dezembro, taxas de licenciamento de obras particulares, etc.. E a autarquia pedia à AM que autorizasse a sua integração no OM de 2023, permitindo assim mobilizar estes “fundos para a realização de diversas iniciativas municipais [entre as quais intervenções nas vias públicas e reparações e beneficiações de edifícios escolares] e acorrer aos empréstimos do sistema de tratamento de efluentes da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria”, como especificou o edil.

 

“Apoios sociais não são a prioridade do PS”

Acontece que, para o BE, “olhando para esta proposta, só podemos retirar duas conclusões”. “A primeira é que a câmara municipal poderia e deveria ter feito mais em 2022”, afirmou Eva Braga, acrescentando: “E a segunda é que, em 2023, mesmo com mais estes 750 mil euros, continua a insistir em não reforçar as medidas sociais, mesmo quando a crise e a especulação batem às portas de cada vez mais pessoas”.

“Se olharmos agora para onde a câmara propõe aplicar este dinheiro que já devia ter aplicado em 2022 vemos que, mais uma vez, a ação social, as medidas sociais, os apoios sociais não são a prioridade do PS (…) Ainda mais numa altura em que as pessoas estão a perder salário, em que não conseguem pagar as rendas, em que são vítimas de especulação vário, em que eram precisas medidas para lhes garantir habitação a preços acessíveis, medidas contra a perda de poder de compra, medidas para garantir o seu acesso a bens e serviços básicos”, defendeu a bloquista.

 

Sequeira acusa deputada do Bloco de “aproveitamento político-partidário”

Sequeira não demorou muito a ripostar. Em seu entender, o Bloco “continua a cada passo, a cada intervenção, a cada sessão da Assembleia Municipal, a criar uma realidade completamente paralela à realidade verdadeira”.

Achar que, por terem recebido “400 mil euros em meados de dezembro, posso ir ali ao cofre da tesouraria, pegar no dinheiro, fazer maços de notas e começar a distribuí-lo é viver num mundo surreal, que não existe”, atirou o edil, acusando, quase de seguida, Eva Braga de “aproveitamento político-partidário de uma questão técnica para dizer que podíamos ter gasto mais 700 mil euros em 2022”.

“Isso só tem uma consequência: retira credibilidade ao Bloco de Esquerda”, apontou o chefe máximo do executivo camarário, prosseguindo com as críticas já depois de o BE votar contra este ponto da ordem do dia. A proposta da edilidade foi aprovada por maioria com 21 votos a favor (12 do PS, oito da MCP e um da CDU) e um voto contra do Bloco, levando o líder autárquico a sublinhar que o sentido de voto do Bloco de Esquerda significava que o mesmo “queria proibir a câmara de gastar este dinheiro em 2023”. Se os bloquistas fossem maioria, “este dinheiro ficaria na Banca”, completou a ideia.

Poucos minutos depois, Eva Braga viria a fazer um protesto por, na sua ótica, Jorge Sequeira ter trocado “as palavras” que ela tinha proferido. “Não concordei com a aplicação desse dinheiro. Há prioridades. Se acha que o facto de haver pessoas a viverem na rua ou em casas degradadas não é prioridade… O meu voto é só um aqui na Assembleia Municipal. Vocês têm a maioria”.

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