Abri a cancela, subi os degraus a que há muito me habituei, trupei à porta por decoro, sabendo que não estava fechada, abri-a e deparei com ele, completamente cego, senhor dos seus noventa e quatro anos, mas em pleno uso de todas as capacidades mentais. Logo reconheceu a minha voz e, gentilmente como sempre, teceu-me os elogios do costume, dizendo que, apesar de não ver nada, viu o sol entrar pela porta dentro. A lareira remoía um tição em lume brando. Tudo à volta impecavelmente limpo.
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