José Amado (22) e Diego Alfonso (21). O primeiro é natural de S. João da Madeira (SJM), onde vive. O outro é de Santa Maria da Feira (SMF). Os dois são trompetistas, estudam Música e são os próximos convidados do ciclo Musicatos, organizado pela Academia de Música (AM) de SJM em parceria com o Município. No recital agendado para dia 23 de março, às 17h00, contam com João Fernandes, da Academia de Música, ao piano.

O Musicatos volta a cumprir a sua missão: dar palco a jovens artistas oriundos das Terras de Santa Maria e da Área Metropolitana do Porto, que ambicionam fazer carreira no mundo artístico. Este sábado o palco do auditório dos Paços da Cultura é de José Amado, que confidenciou ao labor que “gostava imenso de conseguir fazer do trompete a minha vida, de preferência a tocar”. Se bem que “dar aulas” não está “fora da equação”. Hipóteses à parte, uma coisa é certa: “não me vejo a fazer algo noutra área”.

Para já, o trompetista de SJM quer focar-se “em melhorar enquanto instrumentista e, certamente, continuará “os estudos após terminar a licenciatura”. Atualmente, frequenta o 3º ano de licenciatura em Música (Vertente de Interpretação) na Universidade do Minho (Braga), sob a orientação do professor Vasco Silva de Faria, fazendo parte ainda da Orquestra e Banda Sinfónica de Jovens de SMF e da Banda de Música (BM) de Arrifana.

A Música surgiu na sua vida “muito cedo”. José Amado recorda-se de, em miúdo, “fazer viagens” com os pais “e de ouvirmos, por vezes, um CD de pasodobles. Era algo que gostava, porque me remetia para cavalos (que era o meu animal preferido)”. Aos sete anos, o pai perguntou-lhe se gostava de aprender a tocar um instrumento e ele disse que sim e que queria tocar trompete.

 

José Amado iniciou percurso musical na Banda e na Academia de Música de S. João da Madeira

O jovem sanjoanense iniciou o percurso musical em 2009 na BM da terra, primeiramente apenas em solfejo com o professor Ricardo Pinho e depois no trompete com o professor Nuno Costa. Passados três anos, entrou no Ensino Articulado na Academia de Música também de SJM, na classe do professor Sérgio Afonso Pereira, concluindo o 5º grau. Foi, aliás, este seu antigo professor e a professora Joana Raposo, ambos da AMSJM, que o convidaram para participar no Musicatos, “ciclo que acompanho há tanto tempo e de que me orgulho fazer parte”.

Mas voltando ao seu currículo, José Amado continuou o seu caminho na Escola Profissional de Música de Espinho, na classe dos professores Sérgio Pacheco e Leandro Rocha. Durante estes anos, participou regularmente na Orquestra Clássica de Espinho, tendo sido dirigido pelos maestros Pedro Neves, Jan Wierzba e Jean-Marc Burfin, com concertos no Auditório de Música de Espinho, Casino de Espinho e Festival Internacional de Música de Espinho, com o pianista Mário Laginha (2018) e o guitarrista Yamandu Costa (2019).

Fez parte da Orquestra de Jazz de Espinho, com a direção musical dos professores Daniel Dias e Paulo Perfeito. Realizou estágios de aperfeiçoamento com Pierre Dutot, Luís Granjo, José Almeida, Carlos Martinho, Ales Klancar, Roberto Bodí, Telmo Barbosa, Carlos Leite, Adán Delgado, Manuel Luís Azevedo, Manfred Bockschweiger e Esteban Batallan.

Participou nos I e II Estágios de Orquestra de Sopros da AMSJM e no III Estágio de Orquestras Infantis e Juvenis da Academia de Música Costa Cabral (Porto), sob a direção do maestro Fernando Marinho, no III Estágio de Orquestra de Sopros da AMSJM, com o maestro Carlos Marques, e no II Festival BSP Júnior, dirigido pelo maestro Francisco Ferreira. E é já detentor de alguns prémios:  2º prémio no VIII Concurso de Bandas Filarmónicas de Braga com a Banda Musical de Loivos; 2º no 135º Concurso Internacional de Bandas de Música de Valência com a Sociedade Filarmónica de Pevidém; e 1º prémio (na principal categoria da competição) no Concurso Mundial de Orquestras de Sopros, em Kerkrade – Holanda, incluído na Orquestra de Sopros da Academia de Chaves.

“Quero ser reconhecido como o Diego de Santamaria”

José Amado e Diego Alfonso nunca estiveram juntos e sabem pouquíssimo um do outro. O Musicatos dar-lhes-á a possibilidade de se conhecerem melhor e, quem sabe, de “travar amizade”.  Diego Alfonso disse ao nosso jornal estar “certo que esta oportunidade de participar no recital poderá também trazer novas amizades e consequentemente contribuir para uma maior e melhor comunidade artística”. Foi o seu professor Manuel Luís Azevedo que lhe fez o convite. E o Musicatos será a sua estreia em S. João da Madeira.

A Música esteve sempre presente na sua vida. “Com uns pais músicos e apaixonados pelo que fazem, sendo eu filho de um luso-venezuelano e uma cubana, fui exposto a uma realidade musical que muitos desconhecem ou não tiveram o prazer de vivenciar e usufruir. Com isto refiro-me a uma ‘hipersensibilidade’ e alargada visão do panorama estilístico, sonoro e interpretativo que me foi conferido, sobretudo por meio da música e cultura afro-cubana”, explicou ao labor.

Diego Alfonso, ou “Diego de Santamaria” como quer ser reconhecido um dia, acredita que o que o “fez saber desde criança que o trompete seria a minha extensão e meio de fruição/tradução do que tenho a dizer e trazer a este mundo foi o contacto com diversos estilos e abordagens musicais que absorvi ao escutar desde óperas na rádio Antena 2 a álbuns de artistas como Miles Davis, Chet Baker, Arturo Sandoval”, entre outros.

Neste momento, encontra-se a fazer o Mestrado em Ensino de Música no Departamento de Comunicação e Artes da Universidade de Aveiro (UA). E tem o sonho de ser músico, trompetista e artista. Um sonho do qual não desiste, mesmo sabendo que, “nos dias que correm, viver como artista individual e independente de qualquer instituição que nos garanta um cargo seguro, estável e com um bom ordenado ao fim do mês é uma realidade muito”

Diego Alfonso quer “marcar a diferença”. Como sublinhou, “quero trazer algum contributo à comunidade artística em geral, quer seja através do ensino, da performance (orquestral e solista), quer com novos projetos e investigações. Quero ser reconhecido como “Diego de Santamaria, um músico, trompetista que nos contagia com as suas interpretações com assinatura, que traz uma nova pedagogia, uma nova motivação para efetivamente progredir e inovar o mundo artístico performativo”.

Imagina-se, no futuro, a ser “professor representante de uma classe universitária, primeiro trompete e chefe de naipe de uma grande orquestra sinfónica e tocar a solo com orquestra, gravar e ter discos premiados a nível mundial e ser reconhecido como artista individual”.

Iniciou-se na Música e diretamente no trompete em 2012, com 10 anos, pela mão do professor Manuel Luís Azevedo, com o qual fez a sua aprendizagem até ao fim do ensino secundário, passando pela Banda Musical de S. Miguel de Souto, Academia de Música de Santa Maria da Feira e pelo Conservatório de Música do Porto. Numa fase seguinte o testemunho é passado ao professor Luís Filipe o Granjo, responsável pelo percurso universitário de licenciatura já terminada e mestrado que está a fazer na UA.

Já trabalhou com Benjamín Moreno, Pierre Dutot, Gileno Santana, Bruno Fernandes, Pacho Flores, Portuguese Brass, Adam Rapa, etc.. E conta com muitos primeiros prémios  [Concurso Internacional de Instrumentos de Sopro “Terras de la Salette” (categorias infantil (2015) e juvenil (2018)],  “Concurso Interno do Conservatório de Música do Porto” – categoria de metais –  nível C (2015); “Concurso Interno do Conservatório de Música do Porto” – categoria de metais – nível B (2016); “Concurso Interno do Conservatório de Música do Porto” – categoria de metais – finalista – nível A (2017); “Concurso Interno do “Concurso Interno do Conservatório de Música do Porto” – categoria de metais – nível A (2019); “Concurso Interno do Conservatório de Música do Porto” – Laureados – Prémio “Madalena Sá e Costa” (2019); etc..

Destaque ainda para a sua participação na gravação do CD “Fidelidade Musical” da Banda Musical de Souto – Academia de Música de Paços de Brandão (2012) e participações várias, como 1º trompete, corista e percussionista, com a Cubaníssima 1153 – Espectáculos. Aliás, presentemente, está “a trabalhar no planeamento, organização e preparação dos 25 anos da ‘Cubaníssima 1153 – Espetáculos’, projeto que se realizará no ano de 2028”.

Após ter estreado a obra “Danzón y Variaciones” no recital final de licenciatura, que lhe foi dedicada e escrita pelo compositor cubano José Bustillo em 2023, a sua gravação em estúdio e posterior lançamento são um dos próximos desafios. Para além disso, Diego Alfonso encontra-se a preparar o seu recital final de mestrado.

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