Quem por ali passe nem repara no MINITITANIC, nem se apercebe da vida que ele foi. Um pequeno barco de quatro ou cinco metros, já gasto, assente na margem lodosa do rio, a um canto de um apodrecido cais, preso não se sabe aonde nem a quê, por uma longa corda cheia de nós e de tempo. Um barco sem fé nem esperança, isolado do mundo, afastado de todos os seus irmãos, ancorado na memória, agarrado ao lado esquecido da vida. Há muito parado e imóvel, apenas baloiça levemente à flor da água quando a maré lhe entra sorrateiramente por baixo, afagando o casco de cores já mortas, num beijo de saudade como que a dizer: – anda, desprende-te, vem comigo até ao infinito.

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