Ainda em outubro deste ano, Nanni Pinto conta apresentar o seu último livro em S. João da Madeira
Quem é a Nanni Pinto?
Otimista por natureza, expresso-me com as mãos e um sorriso. As emoções conduzem as minhas mãos e delas faço um pincel que escreve com cores e liberdade.
Vivo com o espanto de quem vê todos os dias pela primeira vez os acontecimentos. Olho o mundo com olhos simples. Confundem-me as tecnologias. Gosto de me mover entre “cousas” simples. Sou prática. Gosto de viver… poderia viver 200 anos. Queria um mundo transparente.
Sou mãe a tempo inteiro. Mãe é como a natureza: renova a cada oportunidade. Assim sou. Aprendi que só há um lugar para a felicidade: dentro de nós! Considero-me uma pessoa realizada.
Atualmente como é o seu dia-a-dia?
Dou aulas de Tai Chi Chuan e Chi Kung, na clínica que abri em Braga em 2006: Banyan – Oficina das Artes do Oriente. Dois dos grupos pertencem à Cerci de Guimarães e S. João da Ponte, sendo quatro deles campeões e vice-campeões de Tai Chi, forma de competição 42, no campeonato de 2005 realizado em S. João da Madeira (SJM).
Na clínica exerço MTC, Acupuntura e Massagem Tui Na, onde também pratico.
Além disso, organizo encontros mensais de poesia (“Edições Poemanyan”) e escrevo e desenho diariamente.
Nanni Pinto não chegou a conhecer o tio-avô Serafim Leite, mas sempre se sentiu “próxima dele”
Qual é a sua ligação a SJM. Fale-nos um pouco das suas origens familiares. Temos conhecimento, por exemplo, que é sobrinha-neta do Dr. Serafim Leite.
O meu pai, António Pinto de Oliveira Júnior, é natural de SJM. Nasceu em 1929. O seu pai, António Pinto de Oliveira, foi um respeitoso empresário da fábrica de calçado Pinto de Oliveira & Irmãos Lda. O Padre Serafim Leite é irmão da avó Maria, mãe do meu pai. Viviam na Quintã.
Nasci em SJM, fiz a primária no Jardim do Sol, o ciclo em SJM e até ao 9º ano andei na escola industrial de SJM. Depois fui para Aveiro estudar (10º e 11º anos). No Porto fiz o 12º e frequentei a Faculdade de Arquitetura.
Não me lembro do tio-avô Serafim Leite. Teria três anos, quando morreu mas talvez por ter crescido a ouvir falar dele, e que era escritor e todas aquelas viagens, que sempre me senti próxima dele.
Costuma vir frequentemente a SJM?
Não vou com frequência a SJM. Não me resta muito tempo, precisando orientar o meu filho nas suas atividades assim como o meu trabalho que se estende pelo sábado. Mas se pudesse iria muitas vezes.
Escrever “será uma forma de alongar os dias”
Quando e como surge a escrita/ilustração na sua vida?
A escrita e a ilustração surgem, porquê não sei, desde pequena. Sempre gostei das palavras, sempre gostei de desenhar e ainda hoje gosto de brincar!
Escrever é uma necessidade inevitável. Adormeço com um bloco e uma caneta ao lado da cama. Muitas vezes, se não fico acordada, acordo para escrever.Tanta coisa ainda para fazer. Será por isso a pressa de não deixar escapar nada.
Já dei por mim a perguntar-me porque escrevo: não quero perder de vista a relação dos dias, o tempo e os acontecimentos duma teia invisível que me liga ao passado e aos outros, a coisas a que muitos chamam de coincidências e eu não!
Quando se anda entusiasmado a vida humana não chega. Será uma forma de alongar os dias.
Desenho porque tudo entra com muita intensidade pelos meus olhos adentro provocando o meu espírito. O que desenho tem uma estória, o que escrevo tem imagem, por isso vão sempre andando lado a lado.
Como as define? Que pretende transmitir com ambas?
Como parte da minha vida. Somos afortunados pela existência na Terra: plantas, seres, muitos seres e todos ligados a uma só energia chamada de vida.
Separados por tanto egoísmo, dinheiro e ganância, a natureza, animais e homens seguem caminhos diferentes, opostos. Os homens não respeitam a natureza. Reconhecemos a importância dos mestres, mas não os respeitamos ou protegemos. Estar na natureza é como estar diante dum mestre! Lembrar que a vida é para ser vivida plenamente.
Escritora tem mais duas obras na calha
Quantos e quais livros publicou até à data?
Tenho seis livros publicados. “Filtragens” (1993), primeiro livro de poesia sob o heterónimo BhamalVanaj. “Lenda de Mada Moha” (2000), prosa, tendo obtido o 1º prémio no concurso “Contos de Amor” lançado pelo Shopping Bragaparque.
Com a exposição de desenho “Amor breviterno”, no Porto, escrevi “Caderno de apontamentos de um amor breviterno” (outubro de 2012).
Em outubro de 2013, editei o livro “As tecedeiras do destino”, o qual surgiu juntamente com a exposição de desenho com o mesmo título, que fiz em Famalicão
Em 2014, a Editorial Novembro editou “Os pássaros também se sentam”, conto numa perspetiva budista, que teve uma 2ª edição em 2016. Em abril 2018, a mesma editora lançou “Mãemequer, jardim de perfumes”.
Para breve estão “Cartas do meu jardineiro” (prosa) e “Diário dum palhaço ou a dicotomia do ser”.
Tem algum livro preferido, que queira destacar? Se sim, porquê?
“Caderno de apontamentos de um amor breviterno”. Foi o livro que surgiu dum momento doloroso e cujo prémio foi a possibilidade de percecionar a distância entre a vida e a morte.
Já apresentou alguma obra em SJM? Para quando uma próxima apresentação?
Sim. Em 2014 e 2016 – “Os pássaros também se sentam” – na Biblioteca Municipal de SJM. A próxima apresentação, do livro “Mãemequer, jardim de perfumes”, poderá estar para outubro deste ano.
Encontra-se a trabalhar em mais alguma obra?
Sim, que conto apresentar no início do próximo ano: “Cartas do meu jardineiro” (texto poético) e “Diário dum palhaço ou a dicotomia do ser” (associado a uma exposição de aguarelas).
Que outros projetos que tenha em mente concretizar?
Fazer em breve uma exposição de escultura.

Nanni Pinto na primeira pessoa
Nanni Pinto nasceu a 24 de março de 1967 em S. João da Madeira e reside atualmente em Braga. Mas antes, entre 1992 e 1996, ainda viveu no Brasil, Índia e Macau.
É licenciada em Arquitetura (1995) pela FAUP – Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e em Medicina Tradicional Chinesa [2004 (Acupunctura Massagem Terapêutica Tuina pela Escuela Latinoamericana de Medicina Chinesa, Santiago do Chile)]. Tem duas pós-graduações pela Universidade de Guangzhou (Cantão), República da China e é treinadora pela Federação Portuguesa de Artes Marciais Chinesas de Tai Chi e Chi Kung Terapêutico.
Desde 2003 que exerce MTC e acupunctura e desde 1998 que ensina Tai Chi e Chi Kung a um grupo de alunos, incluindo alunos da Cerci de Guimarães e de S. João da Ponte.
Tem como hobbies escrever, desenhar, pintar, esculpir, sonhar, praticar taichi e chikung, fazer origamis, cultivar amigos.
A sua crença é, “antes de tudo, a da humanidade”. “A minha alma reúne todas as religiões, depois de um dia ter feito os votos budistas”.