Cai o frio da manhã, o inverno está a chegar…
De novo à frente co´a bica, treme a pele com o frio,
Os tempos estão de mudança, a hora vai atrasar,
Reagimos a tudo isto, num natural arrepio…
Olho as pessoas à volta, nos seus sussurros de acaso,
A surdina vai crescendo, em gritos soltos à sorte.
Lá fora esvoaçam as folhas, das árvores que em atraso,
Se aprestam em abanar-se, despirem-se do vento forte…
Delas, hesitam, caindo, as folhas amarelecidas,
P´ra escolherem local próprio, onde estará o seu futuro,
Flutuando na queda, parecem arrependidas…
Vem depois o jardineiro, que as junta num monturo…
Acabei a minha bica, aguardando os meus amigos.
Que tardam em aparecer, com medo deste “aguieiro”,
A manhã fria será ciosa de outros perigos,
A idade ao traçar o tempo será deles o primeiro…
Esta, a verdade da vida: quem andou não tem para andar,
Levou na espera dos anos o tal “fluxo vital”,
Por muito que a medicina atrase o seu marchar,
Uma pontinha de frio, a arma mais que letal…

Flores Santos Leite