Oito horas da manhã estacionamos a viatura,
Num pequeno parque à beira da esquadra da polícia;
Manhã do primeiro dia, mês de junho, a aventura,
De mais um momento nosso, num mês de tanta delícia…
Sentados dentro carro, na frente a azáfama já,
De um dia primaveril, e a multidão apressada,
Em todas as direções uns p´ra cá, outros p´ra lá,
Ao encontro da intenção de se manter ocupada…
O conflito escultório da água e pedra na frente,
Atrai-nos a atenção pelo arrulhar das columbinas,
Também integradas na lufa daquele mundo de gente,
Pois perto há infantários de meninos e meninas…
Uma alta chaminé, marco da chapelaria,
Já não expele fumos negros, das negras unhas, libertos;
As crianças substituíram-nos no seu mundo de alegria,
Por outras cores mais garridas, nos seus risos mais abertos…
…agora que já se “foi” o luto da pandemia…
Os carros passam indiferentes, nesta nova encruzilhada,
Poluindo de ruídos, volutas, de combustão,
Este pequeno espaço que dá voz a uma alvorada
Em ondas lentas, inquietas, a chamar nossa atenção…
Noutros tempos tal local apenas e só continha
A fábrica e “duas vendas”, três ou quatro habitações,
E dentro o palpitar, das almas, o que convinha
Em amor e muita esperança, de tão ternos corações…

Flores Santos Leite